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Para ser eleito, Marco Maia (cumprimentando  um colega) precisava de 257  votos. Apesar de concorrer com outros três deputados, recebeu 375 votos dos 513 que estavam em jogo | Wenderson Araújo/Gazeta do Povo
Para ser eleito, Marco Maia (cumprimentando um colega) precisava de 257 votos. Apesar de concorrer com outros três deputados, recebeu 375 votos dos 513 que estavam em jogo| Foto: Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

Presidente pela 4.ª vez, José Sarney afirma ser exemplo de ética

Brasília - Numa eleição sem surpresas, José Sarney (PMDB-AP), 80 anos, foi reeleito para o seu quarto mandato na presidência do Senado.

Em discurso em seguida, disse que a ética tem sido seu "exemplo de vida inteira".

Depois de responder a uma série de denúncias nos últimos dois anos que levaram à maior crise ética da história do Senado, o peemedebista obteve vitória folgada. Ele recebeu 70 votos, contra 8 do adversário, Randolfe Rodrigues (PSol-AP) – estreante no Senado e que lançou candidatura de protesto contra Sarney. Dois senadores votaram em branco, e outro anulou o voto.

Político mais antigo em exercício no Congresso, Sarney recebeu o apoio maciço dos partidos governistas e da oposição, com exceção do PSol. No primeiro discurso após a reeleição, reiterou que vai fazer um "sacrifício" ao ficar no cargo por mais dois anos. Emocionado, Sarney chegou às lágrimas ao afirmar que este será seu último mandato no Legislativo, onde chegou em 1955.

Em 2009, Sarney respondeu a 11 pedidos de cassação de seu mandato no Conselho de Ética do Senado no escândalo conhecido como o dos "atos secretos" – em que a Casa omitiu atos tomados pelo seu comando.

Sem mencionar o escândalo, disse que sua "honrabilidade e conduta pessoal" jamais foram questionadas. "A ética para mim não tem sido só palavras, mas exemplo de vida inteira", afirmou.

Sarney acabou absolvido pelos colegas sem deixar a presidência e deu início ao que chamou de "reforma administrativa" da Casa – que ainda não saiu do papel.

Folhapress

Com 375 votos, o atual presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), foi reconduzido ao cargo. O petista, de 45 anos, não teve problemas para vencer a disputa no primeiro turno, apesar do surgimento de outras duas candidaturas que não estavam previstas. Além de Sandro Mabel (PR-GO), que lançou seu nome ainda na semana passada, decidiram concorrer ontem os deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Chico Alencar (PSol-RJ).

Mabel, que arriscou seu mandato com a disputa, recebeu 106 votos; Bolsonaro, 9; e Alencar, 16. Outros 3 deputados votaram em branco.

A eleição de Maia faz parte de um acordo costurado com o PMDB, maior aliado do PT. A proposta é que o líder peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) assuma o posto no último biênio do mandato da presidente Dilma Rousseff.

Maia foi escolhido o candidato oficial do Planalto principalmente por causa de insatisfações internas no partido com a distribuição de cargos do segundo escalão e com o "paulistério" – domínio do PT paulista nos cargos de destaque.

Ele conseguiu desbancar o fa­­vorito e líder do governo, Cân­­di­­do Vacarezza (PT-SP), além de João Paulo Cunha (PT-SP) e Arlindo Chi­­naglia (PT-SP), em eleições internas que aconteceram no ano passado.

O Planalto trabalhou durante todo o tempo para fazer com que Maia fosse candidato único. Minou alguns nomes no caminho, como Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG). Mas não conseguiu impedir Mabel, que pode ser expulso pelo seu próprio partido.

Maia foi eleito contando com o apoio oficial de 21 partidos, dos 22 com representatividade na Câmara, incluindo aí o PR de Mabel.

A eleição do petista significa uma vitória do Planalto. A primeira prova será o salário mínimo, cujo valor será definido em medida provisória a ser aprovada pelo Congresso. O governo quer R$ 545, mas muitos deputados aliados trabalham por, no mínimo, R$ 560.

Ainda ontem ele daria posse aos novos membros da Mesa. Rose de Freitas (PMDB-ES) era a favorita para ocupar a primeira vice-presidência e Eduardo Gomes (PSDB-TO), a primeira secretaria, nome responsável por comandar as finanças da Casa.

O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), afirmou ontem que Mabel tem até as 10 horas de hoje para pedir desfiliação do partido. Segundo Portela, se isso não ocorrer será aberto um processo disciplinar para a expulsão do colega.

Blocos

Cinco blocos partidários foram formados ontem na Câmara dos De­­putados. O maior deles, com 257 deputados, o que significa maioria absoluta na Casa, é formado pelos principais partidos da base de apoio ao governo: PT, PMDB, PP, PDT, PSC e PMN. As infor­­mações são da Agência Brasil.

O DEM e o PSDB, com 96 deputados, formam o bloco de oposição. Em outro bloco, com 71 parlamentares, estão o PTB, o PcdoB e o PSB. Os chamados partidos nanicos – PR, PRB, PTdoB, PHS, PRTB, PRP, PTC e PSL – constituíram o quarto bloco, com 60 deputados. Com 26 deputados, o PV e o PPS for­­mam o quinto bloco. O PSol, que tem três deputados, não participará de nenhum bloco. Até o fechamento desta edição, a eleição para a Mesa Diretora não havia sido concluída.

Veja a galeria de fotos dos bastidores da posse na Câmara e no Senado:

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