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O empresário Marcos Valério entregou nesta terça-feira à Procuradoria-Geral da República uma lista com os nomes de candidatos que receberam dinheiro de suas empresas na campanha de 1998. Ele também entregou uma cópia da relação à CPI do Mensalão, durante seu depoimento. São 75 nomes, a maioria deles tucanos, e os saques somam R$ 1,8 milhão, enquanto anteriormente o empresário havia declarado empréstimos totais de R$ 9 milhões. Entre os beneficiados aparece ainda a empresa Hum Propaganda e Marketing.

Na lista, só há nomes com respectivos comprovantes do repasse do dinheiro. Ao todo, Valério entregou cerca de 100 documentos à Procuradoria-Geral. Segundo o empresário, os nomes foram passados a ele por Cláudio Mourão, coordenador da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB), que disputava a reeleição ao governo do estado de Minas Gerais.

Valério revelou também à CPI que outras pessoas receberam empréstimos na época e só não foram incluídas na lista porque ele não tinha como comprovar o repasse.

- Eu não seria leviano de colocar pessoas (na lista) que eu não posso comprovar. Mas eu afirmo o que eu ouvi do Cláudio Mourão e ele me falou que havia outras pessoas (que receberam) - afirmou o depoente ao ser interrogado pelo deputado Antônio Fleury (PMDB-SP).

Duda Mendonça recebeu R$ 4,5 milhões, diz Valério

Valério lamentou não ter recebido até hoje o dinheiro que teria emprestado a políticos mineiros do PSDB na campanha de 1998.

- Levei cano do PSDB. Só que na época não valia a pena brigar com o Azeredo nem com o PSDB porque eles eram do governo federal e eu iria perder minhas contas - afirmou.

Na época, Valério tinha contratos de publicidade com o Banco do Brasil, a Eletronorte e o Ministério do Trabalho, por meio de sua agência DNA, e com o Ministério dos Esportes, pela SMP&B.

Desta lista, quem mais recebeu recursos foi Júnia Marise (PSDB-MG), candidata ao Senado que não conseguiu se eleger. Ela recebeu um depósito de R$ 25 mil e outro de R$ 175 mil. Ao lado do nome de Júnia Marise aparecem os nomes de Antônio Marum e Maria Cristiana Cardoso de Melo. Maurílio Borges recebeu R$ 125 mil e Fábio Valença, R$ 91.459,28.

Também aparecem como beneficiados os deputados federais Romel Anizio Jorge (PP), que teria recebido R$ 100 mil; e Custódio de Mattos (PSDB), que teria ganho R$ 20 mil. Além de Paulo Abi-Ackel, filho do relator da CPI do mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). Ele foi agraciado com R$ 50 mil.

Constam ainda da lista de beneficiados dez deputados estaduais de Minas, que tiveram mandatos nas duas últimas legislaturas, e dois prefeitos do interior de Minas: Marcelo Gonçalves (Pedro Leopoldo) e Sebastião Navarro Vieira (Poços de Caldas). Ainda durante o depoimento de Valério, Sebastião Navarro Vieira enviou à CPI uma nota contestando sua inclusão na lista de sacadores, mas Valério confirmou posteriormente que apresentou comprovantes de todos os nomes relacionados.

Valério também disse que R$ 4,5 milhões foram pagos ao publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha de Azeredo. O empresário apresentou o recibo do depósito.

Na quarta-feira, Valério entregará a movimentação contábil de suas empresas à CPI, não especificando o período.

Logo em seguida, Valério disse que suas agências não participaram da campanha de 2002. Questionado por Ibrahim Abi-Ackel, se teria documento da campanha de 98 semelhante à de 2002, o empresário disse que não. Segundo ele, as pessoas que fizeram saques de contas de suas empresas após 98 utilizaram os recursos para pagar dívidas.

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