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João Santana e Mônica Moura (ao fundo): pagamentos se estenderam de 2014 a 2015. | Henry Milleo/Gazeta
João Santana e Mônica Moura (ao fundo): pagamentos se estenderam de 2014 a 2015.| Foto: Henry Milleo/Gazeta

Reportagem desta quinta-feira (31) do jornal Folha de S.Paulo afirma que a empresa Pólis, do marqueteiro do PT João Santana, fez pagamentos em dinheiro vivo a fornecedores da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff após ter recebido quantias, por meio de caixa dois, da empreiteira Odebrecht. Os valores recebidos por Santana da construtora também teriam sido pagos em espécie. O caso está sendo investigado pela Operação Lava Jato.

Segundo a reportagem, a Polícia Federal (PF) vê indícios de que Mônica Moura, mulher e sócia de João Santana, fez os pagamentos aos fornecedores da campanha entre 2014 (ano da eleição) e 2015. Esses gastos, ainda de acordo com o jornal, seriam de deslocamentos das equipes de Santana, serviços de internet e produção de programas do PT.

Triangulação

A Folha de S.Paulo informa que chegou à triangulação do caixa 2 da campanha ao cruzar dados de planilhas apreendidas pela PF com depoimentos sigilosos da secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares, uma das principais colaboradoras da Lava Jato. O resultado mostra que a construtora levantou dinheiro vivo com doleiros, em São Paulo e Salvador, para repassar à Pólis. Ao todo, a operação identificou pagamentos nos sete meses seguintes ao segundo turno da eleição.

Sob a condição de não serem identificados, dois prestadores de serviços da campanha de 2014 disseram que a Pólis fazia pagamento de serviços da área de comunicação, como produtoras de vídeo, em dinheiro vivo. Um deles contou à reportagem que este tipo de pagamento, em espécie, era feito por Mônica.

O casal está preso em Curitiba, e a empresária foi interpelada sobre os pagamentos em sua negociação preliminar para fazer uma eventual delação premiada com o Ministério Público Federal. Segundo relatos, ela falaria sobre os pagamentos no caixa dois em 2014.

Em depoimento à Polícia Federal no dia 2 de março, que está em segredo de Justiça, a secretária Maria Lúcia contou que cuidou dos repasses ao marqueteiro do PT por dois anos. Os contatos eram sempre feitos com Mônica. Segundo ela, as entregas ocorriam, na maioria das vezes, em São Paulo, em endereços diferentes e com emissários diversos.

Uma planilha chamada “Paulistinha”, apreendida na casa da secretária, traz 41 pagamentos a “Feira”; (codinome da equipe de Santana), num total de R$ 21,5 milhões. A primeira entrega de R$ 500 mil ocorreu no dia 30 de outubro de 2014, apenas quatro dias depois do segundo turno. A última, também de R$ 500 mil, foi entregue em 22 de maio de 2015, no mês anterior à prisão de Marcelo Odebrecht e da cúpula do grupo.

A “Paulistinha”, segundo Maria Lúcia, referia-se a entregas de dinheiro vivo na cidade de São Paulo. O dinheiro era levantado com Alberto Novis, da Hoya Corretora de Valores e Câmbio, alvo da fase Xepa da Operação Lava Jato, o desdobramento da Lava Jato baseado nos depoimentos da secretária.

OUTRO LADO

À Folha de S.Paulo, o ministro Edinho Silva (Comunicação Social), tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, disse que todos os pagamentos à Pólis, empresa de João Santana, foram feitos por meio de transferências bancárias, registrados na contabilidade e informados à Justiça Eleitoral. Segundo ele, a campanha tinha contrato de R$ 70 milhões com a Pólis, sendo R$ 50 milhões no primeiro turno e R$ 20 milhões no segundo. Edinho afirmou que nada foi pago ao marqueteiro pela campanha além destes recursos.

Sobre pagamentos em dinheiro vivo, na forma de caixa dois, a prestadores de serviços da Pólis, o ministro disse que a campanha não fez esse tipo de operação e tudo o que foi pago está registrado oficialmente. Segundo ele, a campanha só se responsabiliza pela própria contabilidade feita no período.

As defesas do publicitário João Santana e da mulher dele, Mônica Moura, não se manifestaram. O advogado Fábio Tofic Simantob, que defende o marqueteiro, estava em viagem na quarta-feira (30) e não comentou o assunto. O advogado Juliano Prestes, que assumiu a defesa de Mônica Moura para negociar uma delação premiada, não foi localizado pelo jornal.

Citada como fonte de pagamentos clandestinos de R$ 21,5 milhões ao marqueteiro, a construtora Odebrecht não quis se manifestar.

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