Médicos são contra áreas para fumantes

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Instituições do setor da saúde são contra a criação de áreas próprias para fumantes em ambientes fechados porque avaliam que não resolveria o problema da poluição provocada pelo tabagismo. A Associação Médica do Paraná (AMP) está trabalhando pela aprovação do texto original do projeto antifumo e a entrada em vigor da lei o mais rápido possível para proteger a saúde dos não fumantes.

Médicos que integram a comissão estadual de controle do tabagismo da AMP e a As­­sociação Paranaense Contra o Fumo estão visitando os deputados para pedir que votem favorável ao projeto e contra a criação de áreas livres para fumantes. "Esperamos consenso para que a lei seja sancionada sem fumódromos. Estamos fazendo a defesa do fumante passivo porque está provado cientificamente que ele sofre as con­­sequên­­cias da fumaça e é justo protegê-los", diz o médico Jaime Zlotnik, diretor da AMP.

Para Zlotnik, o fumante pode suportar ficar sem fumar durante algumas horas num ambiente fechado. "Não existe fumante que tenha deixado de viajar de avião porque é proibido fumar lá dentro. As pessoas aguentam ficar sem cigarro num cinema ou teatro, por que não nas casas noturnas? Esse argumento é imbatível", disse.

Garçons

Nos restaurantes e bares, segundo Zlotnik, não só os clientes não fumantes, como também os garçons correm risco de contrair doenças. "São 200 mil mortes por ano decorrentes de doenças provocadas pelo cigarro, 7 mortes por dia no Brasil por fumo passivo. É interessante notar que, nos países onde a lei de restrição foi adotada, o movimento dos restaurantes, bares e casas noturnas não diminuiu, pelo contrário, aumentou, porque a maioria da população não é fumante", disse o médico.

O procurador de justiça Saint Clair Honorato Santos, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Meio Ambiente, também é contra a criação de espaços reservados para fumantes.

Para o procurador, não há nenhum problema para as pessoas que fumam se absterem em alguns momentos como em festas, almoços, bares ou restaurantes. Segundo Saint Clair, a criação de fumódromos é completamente dispensável porque os funcionários dos estabelecimentos vão ficar expostos à fumaça da mesma forma e o objeto principal da lei são os não fumantes. "Quando alguém desejar fumar, que faça ao ar livre, não há nenhum prejuízo nisso. Estamos contribuindo para as pessoas fumarem menos e agredirem menos a própria saúde e daqueles que não fumam", afirmou.

Romanelli

Ambos integraram um grupo de representantes de entidades médicas, como Associação Brasileira de Pediatria e Associação Médica Brasileira de Pneu­­­­mono­logia, que visitou o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), na semana passada. "Eles estão preocupados com o lobby a favor da prática permissiva do fumo e todos nós entendemos que é hora de avançar nisso. Esse projeto tem que sair da comissão de saúde e há um acordo para que seja votado na segunda quinzena de agosto", disse Romanelli.

Como o dia 29 de agosto se tornou referência da luta contra o tabagismo, o deputado diz que o governador quer sancionar a lei nessa data. "Há um amplo apoio na base do governo e até entre os deputados da oposição para aprovar o projeto. Tenho certeza de que vamos conseguir aprovar apesar da resistência daqueles que querem criar fumódromos. Queremos um território livre do tabaco porque os fumantes passivos são as grandes vítimas, não fumam e são obrigados a conviver com os riscos provocados pelo cigarro", argumenta Romanelli.

Se depender do líder do governo, o projeto não será amenizado. "Quem quiser fumar vai fumar na rua", afirmou. Romanelli quer tornar ainda mais rigorosa a lei, proibindo o fumo nas casas onde residam crianças e idosos. "Eles não têm culpa por ter os pais dependentes do tabaco, vamos radicalizar com isso", afirmou Romanelli.