O ministro do Supremo Tribunal FEderal (STF) Marco Aurélio Mello criticou a decisão do relator do mensalão, Joaquim Barbosa, em votar o caso por capítulos, no final de cada leitura parcial de seu voto. Para Marco Aurélio, Barbosa deveria ler a íntegra de seu voto, depois o revisor Ricardo Lewandowski também faria leitura completa de sua revisão e os demais ministros votariam. Marco Aurélio chamou Barbosa de "o todo poderoso relator" e disse que se cada um começar sua sustentação pelo seu réu preferido, vai virar Babel.
"Estou preocupadíssimo. Se o revisor resolver começar com outra parte?! Teremos graves problemas. O Joaquim vai virar o revisor do revisor. Será a Babel. O todo poderoso relator", disse Marco Aurélio. "O que está em jogo é a instituição. Não conseguimos chegar a um consenso. E se cada um pinçar o acusado de sua preferência e proferir seu voto? Cada um escolhe o de sua preferência. O que é isso? O relator tem de dar seu voto exaustivo e o revisor também. Mas temos um impasse e não quero ser o árbitro", completou.
O ministro afirmou não saber como será a sequência do julgamento na próxima segunda-feira. "O Joaquim tem que ceder. Temos que cobrar o voto integral. Não cabe agir em dose homeopática. Estou muito preocupado."
Perguntado se sabia a razão de Joaquim ter começado seu voto pelo deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), candidato a prefeito de Osasco, Marco Aurélio respondeu: "Por isso que eu disse. Desde que esgote o voto poderia começar por qualquer um. A partir do momento que não esgota e considera esse ou aquele acusado, fica no ar qual o critério estabelecido. Poderia começar por qualquer um desde que fizesse toda a leitura. Mas fica no ar. Qual foi o critério? Há uma excitação muito grande com esse julgamento", disse Mello.
Também questionado sobre suposta irritação de Joaquim Barbosa nas sessões, Marco Aurélio afirmou: "Compreendo sua irritação diante de seu problema de saúde", afirmou.
Deixe sua opinião