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Fruet em discurso na Câmara no início do segundo semestre: vereadores da base não têm sido tão fiéis ao prefeito em votações de matérias polêmicas | Jaelson Lucas/SMCS
Fruet em discurso na Câmara no início do segundo semestre: vereadores da base não têm sido tão fiéis ao prefeito em votações de matérias polêmicas| Foto: Jaelson Lucas/SMCS

Termômetro

Veja como vota cada bancada da Câmara de Curitiba:

PT/PV/PDT

Número de vereadores: 8

Os partidos que formaram a coligação de Gustavo Fruet nas eleições de 2012 são o "núcleo duro" da base de apoio. Tendem a votar sempre junto com o prefeito. Entretanto, até vereadores desse núcleo já se rebelaram nas votações.

DEM/PTB

Número de vereadores: 4

É a bancada mais fiel ao prefeito desde o início da legislatura. Os dois partidos apoiaram Fruet a partir do segundo turno das eleições. O DEM conta com a Secretaria Municipal de Habitação.

PPS

Número de vereadores: 3

Apoiou Fruet no segundo turno e tende a votar junto com a base.

PP

Número de vereadores: 2

Apoiou Ratinho Jr. no segundo turno, mas aderiu à bancada de apoio ao governo.

PSDB

Número de vereadores: 4

A bancada tucana está rachada desde o início do mandato. Serginho do Posto e Felipe Braga Côrtes estão entre os governistas mais fiéis. Beto Moraes tende a votar com a base, mas já esteve com a oposição em algumas questões. Professor Galdino se declara de oposição e discursa constantemente contra o prefeito.

PRB/PSL

Número de vereadores: 2

Com alta influência entre os vereadores, o líder da bancada, Pastor Valdemir Soares (PRB), chegou a anunciar candidatura à presidência da Casa, no fim do ano passado, e votou contra a orientação do líder do prefeito em algumas ocasiões no primeiro semestre. Entretanto, tende a apoiar o prefeito. Já Dirceu Moreira (PSL) vota sempre com a base.

PSD/PMN

Número de vereadores: 2

Apesar de formarem bloco, os dois vereadores se posicionam de maneira oposta no parlamento. Jairo Marcelino (PSD) tem votado constantemente com a bancada de apoio. Já Chico do Uberaba (PMN), nos momentos mais delicados, tem fechado o voto com a oposição.

PSDC

Número de vereadores: 2

O vereador Chicarelli, embora se declare independente, é na prática um opositor ferrenho a Fruet e, principalmente, ao presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV). Cacá Pereira, por sua vez, está mais próximo da base.

PSB

Número de vereadores: 4

Partido do ex-prefeito Luciano Ducci, o PSB se apresenta como independente. Nas questões mais polêmicas, a maioria dos vereadores tende a votar com a oposição.

PSC

Número de vereadores: 6

Maior partido da Câmara, o PSC se declara independente. Porém, tende a votar com a oposição em questões polêmicas.

PMDB

Número de vereadores: 1

É o único partido declaradamente de oposição. Conta apenas com a vereadora Noêmia Rocha, que também é líder da minoria na Casa.

  • Noêmia Rocha (PMDB) e Professor Galdino (PSDB) são os dois únicos integrantes oficiais do bloco de oposição

A maioria parece avassaladora. Trinta e seis de 38 vereadores são considerados, oficialmente, da base de apoio do prefeito Gustavo Fruet (PDT). Entretanto, na prática, ficam cada vez mais evidentes as insatisfações dos aliados e a prefeitura sofre uma resistência crescente dentro da Câmara de Curitiba.

Essa base incerta e flutuante é uma novidade da atual legislatura. Nas últimas décadas, essa zona cinzenta praticamente não existia na Câmara Municipal: ou o vereador era situação ou oposição, e o resultado das votações era extremamente previsível.

Foi assim na legislatura passada. O bloco formado por PT, PMDB e o vereador Paulo Salamuni (PV) eram responsáveis pela crítica ao Executivo. Os outros parlamentares davam chancela a praticamente tudo o que era defendido pelos então prefeitos – Beto Richa (PSDB) e, posteriormente, Luciano Ducci (PSB).

As últimas votações polêmicas da Câmara mostraram um outro cenário. Nesta semana, a retirada de pauta de projeto que endurecia a proibição da dupla função de motoristas de ônibus mostrou bem a situação. As principais lideranças da base queriam evitar a votação do projeto, que tramitava em regime de urgência e poderia significar mais custos para a prefeitura. Outros aliados, entretanto, se rebelaram. Até mesmo vereadores considerados do "núcleo duro" da base de apoio, como Aldemir Manfron (PP) e Jonny Stica (PT), discursaram em defesa da votação do projeto. A retirada do texto da pauta foi aprovada, mas apenas com a promessa de que um novo projeto, com o mesmo teor, seria reapresentado.

No primeiro semestre, mais uma vez, a prefeitura quase perdeu. Duas emendas à Lei de Diretrizes Orça­­mentárias (LDO) propostas pela oposição e rejeitadas pela liderança do prefeito por pouco não foram aprovadas. Na votação de uma das matérias, de autoria da oposicionista Noêmia Rocha (PMDB), foi necessário um voto de minerva para desempatar a disputa e a prefeitura sair vencedora. No caso, o voto foi do vereador Tito Zeglin (PDT), que presidia a sessão.

Bancadas

Na prática, apenas dois vereadores são assumidamente de oposição: Noêmia Rocha (PMDB) e Professor Galdino (PSDB). Entretanto, durante as sessões plenárias, Chico do Uberaba (PMN) e Chicarelli (PSDC) são tão ou mais críticos ao prefeito quanto os oposicionistas oficiais. As bancadas do PSC e do PSB, com a exceção de Dona Lourdes (PSB), também têm votado quase sempre com a oposição.

Por outro lado, os partidos que apoiaram Fruet na eleição (PT,PDT e PV), além do DEM, do PTB e dos tucanos Serginho do Posto e Felipe Braga Cortes têm formado a "base da base", núcleo de vereadores mais alinhados com a prefeitura. A divisão entre veteranos e novatos também é notável. Vereadores de primeiro mandato tendem a ser mais arredios às orientações do líder do prefeito que os parlamentares mais antigos.

Perfis do prefeito e da gestão pesam para rebeldia de aliados

O perfil do prefeito Gustavo Fruet (PDT) e de sua gestão podem explicar parte da "rebeldia" dos vereadores. Antes de assumir a prefeitura, Fruet foi deputado de oposição no Congresso e passou pelas dificuldades de se enfrentar o "rolo compressor" governista. Além disso, sua gestão tem mostrado uma certa falta de jogo de cintura para dialogar com os vereadores, que muitas vezes reclamam de serem desprestigiados pela atual gestão.

Para o líder do prefeito na Câmara, Pedro Paulo (PT), a relação entre a prefeitura e os vereadores mudou na atual gestão, assim como o relacionamento interno entre os vereadores. Na opinião dele, a Câmara está mais independente da prefeitura e a Mesa Executiva tem aberto espaço para os outros vereadores. "Em uma reunião com os líderes, eu disse que não haveria enquadramento, e sim convencimento. E é o que vem ocorrendo. É um caminho mais difícil, mas certamente muito positivo", afirma.

Falta de tato

O próprio prefeito disse, em inúmeras ocasiões ao longo da gestão, que valorizaria a independência do Legislativo e que não iria intervir nas votações. No entanto, se parece haver uma intenção do prefeito em manter a independência dos vereadores, também pesa para a "rebeldia" da base uma insatisfação com o relacionamento entre prefeitura e Câmara. Um dos parlamentares mais críticos a Fruet, Chico do Uberaba (PMN) acha que falta tato por parte do prefeito na hora de lidar com os vereadores. Como na hora de convidá-los para eventos e outras ações simbólicas pouco importantes para o público em geral, mas que pesam para os parlamentares por ser um momento em que podem aparecer para os eleitores.

"É chato saber que uma autoridade vai ao seu bairro e você não foi avisado. Você quer acompanhar o que acontece na sua região. E as pessoas cobram, ‘o prefeito estava aqui no Uberaba e você não estava junto’". Segundo o vereador do PMN, isso ocorre até com vereadores que estão entre os mais fiéis da base de apoio.

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