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A tropa de elite formada pelos principais negociadores do pacote de ajuste fiscal no Congresso, o vice-presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é liderada por dois dos maiores especialistas em estratégias legislativas, articulação política e regimento da Câmara e do Senado. Com quase 30 anos de experiência na Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, sendo 24 anos na chefia, Mozart Vianna foi escalado por Temer. Seguindo a receita, Levy recrutou a ex-chefe da Secretaria-Geral da Mesa do Senado, Cláudia Lyra, que também se aposentou recentemente.

Mozart e Cláudia têm grande respeito de deputados e senadores e são considerados “patrimônio” do Legislativo. Entre suas missões, devem se antecipar aos “pepinos” e orientar os articuladores políticos no caminho regimental para destravar votações.

“Doutor Mozart”, como é conhecido, esteve ao lado de 12 presidentes da Câmara e, algumas vezes, influenciou os rumos de votações importantes. Agora, no gabinete de Temer, foi nomeado para o cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares. Numa sala próxima de onde despacha o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ele chefia um grupo de coordenadores que atua no Congresso mapeando os problemas. Mantém Temer sempre informado e o alerta quando precisa intervir para evitar derrotas para o governo.

Na semana passada, por exemplo, foi um dos primeiros a perceber que a mudança do sistema eleitoral para o chamado “distritão”, que era defendido por Temer, não seria aprovada. Em seu gabinete Mozart recebe parlamentares e encaminha a Padilha pedidos de nomeação política ou outras pendências nos ministérios.

— A gente não tem poder para modificar nada nem tomar decisões. Nosso papel é nos antecipar e dar as notícias ao presidente Temer para que ele tome as providências. O segredo é se antecipar e ficar prevenido. Desfazer uma coisa que deu errado é mais complicado — diz ele.

Ainda conhecendo a estrutura da Fazenda, Cláudia cumpre o mesmo papel que Mozart na vice-presidência. De uma família que ocupou cargos no Senado nas últimas décadas, ela foi a sombra dos últimos presidentes da Casa, mas era especialmente protegida por José Sarney.

— Estou na fase do entrosamento, de conhecer o ministério, as necessidades, e devo atuar em todo o Congresso, mas mais no Senado. Por enquanto, posso dizer que é muito honroso ajudar nesse momento — disse Cláudia.

Por sua influência, candidatou-se a deputada distrital pelo PMDB, em Brasília, nas últimas eleições. A campanha no parlamento por sua eleição foi forte. Sarney chegou a ocupar a tribuna para fazer campanha para a amiga. Responsável pela indicação da afilhada para chefiar a Secretaria da Mesa, referiu-se à aliada como “anjo bom” dos parlamentares.

Ao longo de sua trajetória, entretanto, ela se envolveu em dois escândalos: o dos servidores que ganhavam salários acima do teto de vencimentos de ministros do Supremo; e do nepotismo, com duas filhas e um cunhado empregados sem concurso. Representante de um dos clãs poderosos no Senado, ela ainda teve a mãe e uma irmã concursadas. Articuladores do governo na Casa aplaudem a decisão de Temer e Levy de terem como assessores Mozart e Cláudia.

— Não basta só conhecer os parlamentares. Tem que saber quem procurar na hora certa e mostrar o melhor caminho a seguir. Ninguém conhece melhor esses caminhos do que eles — elogiou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

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