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Denúncia

Ministro do Esporte joga responsabilidade para antecessor

Para Dilma, futuro de Orlando Silva depende de novas denúncias

O ministro do Esporte, Orlando Silva, é suspeito de participar e coordenar um suposto esquema de desvio de recursos da pasta | Valter Campanato/ABr
O ministro do Esporte, Orlando Silva, é suspeito de participar e coordenar um suposto esquema de desvio de recursos da pasta (Foto: Valter Campanato/ABr)

O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), jogou ontem nas costas do antecessor, Agnelo Queiroz (PT), atual governador do Distrito Federal, a responsabilidade pela celebração de dois convênios da pasta com entidades comandadas pelo policial militar João Dias Ferreira. O PM acusa Orlando de receber propina em contratos celebrados no âmbito do programa Segundo Tempo.

De acordo com as declarações dadas pelo ministro, ele só recebeu o policial e firmou o primeiro convênio por orientação de Agnelo, de quem era secretário-executivo. "A única vez que encontrei este caluniador foi no Ministério do Esporte. Eu era secretário-executivo do Agnelo, que me recomendou que o recebesse e firmasse o convênio", disse Silva, em entrevista coletiva.

A versão do ministro foi contestada pelo policial. A conversa, segundo Ferreira, teria acontecido entre o final de 2004 e o início de 2005. Os convênios com a ONG de Ferreira e a Federação Brasiliense de Kung Fu, presidida por ele, foram firmados em 2005 e 2006. Orlando Silva afirmou que o convênio foi celebrado devido à "experiência da entidade" em um trabalho social em Sobradinho (DF). Ressaltou ainda não ter sido encontrado pela equipe técnica da pasta qualquer problema relativo às entidades.

Após repassar a responsabilidade, Silva disse acreditar que a ação de Agnelo, que na época era filiado ao PCdoB, tenha sido de "boa fé". Procurada, a assessoria de Agnelo disse que o governador está em viagem e não poderia ser localizado.

O ministro tentou demonstrar tranquilidade em relação a sua permanência no cargo. Disse ter respaldo de seu partido, o PCdo B, e do governo. Afir­­mou que as denúncias não atrapalham sua atuação e destacou que a negociação com a Fifa sobre a Copa do Mundo é feita em nome de posições do governo e não apenas do ministério. Confirmou ainda que não irá quinta-feira a Zurique, na Suíça, no evento do anúncio da sede da abertura da Copa do Mundo. Atribuiu a ausência ao desejo do governo de não manifestar preferência por alguma cidade.

Buscando antecipar-se a iniciativas da oposição, Orlando pediu formalmente à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República que o investigasse. Solicitou ainda à Comissão de Ética Pública da Presidência que pudesse apresentar pessoalmente suas explicações.

Dilma

Apesar da aparente tranquilidade, o ministro continua no cargo, por enquanto, mas sob vigilância total da presidente Dilma Rousseff, tanto em relação a novas denúncias, quanto aos esclarecimentos que venha a fazer. Na ausência da presidente, que está de viagem para a África do Sul, Orlando Silva se explicou domingo e ontem para os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).

A própria presidente disse que o governo está de olho nas justificativas do ministro, que deverão começar a ser feitas hoje à tarde, na Câmara dos Deputados, em reunião conjunta das Comissão de Turismo e Esporte e de Fiscalização e Controle.

Dilma contou que teve uma conversa com o ministro, ainda no sábado, por telefone, logo depois da publicação da denúncia da revista Veja. A presidente disse que o ministro tem direito à "presunção da inocência" e que, nos contatos com ela, afirmou nada temer.

Nos bastidores, o governo trabalha com a certeza de que Orlando Silva conseguirá provar que não tem envolvimento com esquemas de corrupção montados no Ministério do Esporte.

Oposição

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, protocolou ontem representação na Procuradoria-Geral da República contra o mi­­nistro Orlando Silva e o governador do Distrito Federal, Ag­­nelo Queiroz.

Interatividade

As denúncias contra o ministro Orlando Silva podem derrubá-lo do cargo? Por quê?

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