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Durante o julgamento de uma desapropriação de terras feita pelo Incra, o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, acusou um dos advogados da causa, Maurício Corrêa, ex-presidente do STF, de fazer tráfico de influência. Barbosa disse que recebeu em sua casa um telefonema do advogado pedindo para colocar o caso em pauta logo. Corrêa se ofendeu e anunciou que pretende "tomar providências legais" contra o ministro.

- Ele tomou a liberdade de ligar para a minha casa pedindo urgência para esse caso. O tribunal precisa tomar medidas sérias com relação a esse tipo de tráfico de influência. Se ele está atuando indevidamente, está praticando tráfico de influência e isso deve ser apurado - afirmou Barbosa em tom exaltado, durante a sessão.

Quando o ministro fez a acusação, Corrêa não estava no plenário, e sim um outro advogado da causa. Avisado por telefone, o ex-ministro deslocou-se até o tribunal a tempo de acompanhar o restante da sessão. Um funcionário do cerimonial chamou-o para conversar reservadamente com a presidente da corte, ministra Ellen Gracie Northfleet, para quem o ex-ministro entregou um documento comprovando ser advogado autorizado a atuar na causa. Ellen Gracie teria convencido Corrêa a não estender a discussão no plenário, para não criar um constrangimento ainda maior.

Após a sessão, Corrêa cumprimentou os demais ministros da corte e deixou o plenário na direção oposta de seu algoz, evitando o contato direto. Ao sair do tribunal, o ex-ministro não escondeu a indignação provocada pelos comentários de Barbosa. Afirmou que estuda entrar com representações contra o ministro no próprio STF, no Ministério Público Federal ou na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

- Achei que foi uma descortesia, uma irresponsabilidade de um ministro que ficou com os autos bastante tempo. Ele fez uma afirmação desprimorosa sem nem ter lido os autos direito - disse.

O ex-ministro admitiu ter telefonado a Barbosa, mas negou ter feito qualquer tipo de pressão. Disse que ligou apenas uma vez, para saber quando o caso seria julgado. Ele alegou ainda não saber de onde era o telefone – se da residência ou do gabinete do magistrado.

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