• Carregando...
“Quero saber quem fraudou e montou um documento com assinatura de um ministro de Estado. A minha assinatura é disponibilizada na rede mundial de computadores.”
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, que garante não ter assinado documento que permitiu repasses de dinheiro a um instituto de fachada | Antônio Cruz/ABr
“Quero saber quem fraudou e montou um documento com assinatura de um ministro de Estado. A minha assinatura é disponibilizada na rede mundial de computadores.” Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, que garante não ter assinado documento que permitiu repasses de dinheiro a um instituto de fachada| Foto: Antônio Cruz/ABr

Envolvido ontem no escândalo do orçamento da União, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, convocou uma entrevista coletiva para negar que tenha assinado um documento que permitiu a um instituto supostamente fantasma receber R$ 3,1 milhões do Ministério do Turismo para produzir eventos. A denúncia havia sido noticiada pelo jornal O Estado de S. Paulo na edição de ontem.Padilha, que é cotado para continuar no cargo ou ocupar o Ministério da Saúde no governo Dilma Rousseff, repetiu várias vezes que a assinatura foi "escanea­­da" de documentos públicos disponíveis na internet. "Quero saber quem fraudou e montou um documento com assinatura de um ministro de Estado", afirmou. "A minha assinatura é disponibilizada na rede mundial de computadores."

Padilha disse que cabe ao Ministério do Turismo esclarecer por que aprovou convênios de repasses de verba, sem licitação, ao Instituto Brasil de Arte, Esporte, Cultura e Lazer (Inbrasil) baseados em um documento que revela "evidente montagem". "Acho que vocês devem procurar o Ministério do Turismo para ver a finalidade do documento lá, quando foi apresentado", disse Padilha. O Ministério do Turismo não se pronunciou ontem sobre o assunto.

Segundo denúncia de O Estado de S.Paulo, o Inbrasil seria uma entidade de fachada – o que levanta a suspeita de que era usada para desvio de dinheiro público. O Inbrasil estaria registrado na casa do publicitário Antônio Carlos Silva, num bairro nobre de Brasília. No endereço, de acordo com o jornal, não funciona nenhum instituto.

A entidade teria sido criada para ajudar nos negócios da Vibe Marketing Promocional, de André Fratti Silva, filho de Antonio Carlos Silva. Fratti Silva é militante petista e se engajou na campanha de Dilma Rousseff. A empresa executa os convênios do Inbrasil com o governo. Segundo o jornal, o instituto recebeu R$ 1,1 milhão para realizar o Festival de Inverno de Brasília, organizado pela Vibe Marketing, e outros R$ 2 milhões para um projeto sobre os 50 anos de Brasília – todos sem licitação. Para receber o dinheiro federal, o Inbrasil precisava de um documento oficial atestando sua idoneidade para obter a liberação dos recursos – que teria sido dado por Padilha.

Ainda segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o Inbrasil foi um dos institutos fantasmas que receberam dinheiro federal por meio de emendas parlamentares ao orçamento da União. O caso, revelado nesta semana, resultou no afastamento do presidente da Comissão Mista do Orçamento do Congresso, senador Gim Argello (PTB-DF). Argello foi um dos autores das emendas suspeitas e caiu do cargo após o escândalo ser revelado.

Esquecimento

O ministro Padilha, na entrevista de ontem, disse ainda não se lembrar do telefonema de sua ex-assessora Crisley Lins, que afirmou ao jornal ter entrado em contado com ele para pedir a assinatura atestando a idoneidade do Inbrasil. "Eu não assinei essa declaração. Eu não me lembro se houve ou não houve [a ligação]." Atualmente, Crisley trabalha no gabinete do deputado Paulo César (PR-RJ), um dos parlamentares que repassou emendas para eventos realizados pelo Inbrasil.

Na entrevista, o ministro relatou ainda que comunicou o caso ao presidente Lula, abriu sindicância interna na pasta de Relações Institucionais e pediu à Polícia Federal uma investigação.

À reportagem de O Estado de S. Paulo, representantes da Inbrasil afirmaram, porém, ter contado com o apoio do ministro para viabilizar a aprovação de convênios com o Ministério do Turismo. "Foi o ministro que deu a carta", disse o publicitário André Fratti, dono da Vibe Marketing e filho de Antonio Carlos Silva, diretor fiscal do instituto beneficiado. Padilha, porém, disse desconhecer os representantes do Inbrasil. "Não conheço, não conheço. Nem os nomes que o senhor citou e nem a entidade."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]