A escolha do prefeito de Curitiba para administrar a cidade entre 2013 e 2016 irá passar prioritariamente pela discussão das qualidades e problemas da mobilidade na capital paranaense. Um ano antes da eleição, os discursos dos pré-candidatos ao cargo de gestor municipal já colocam o trânsito e o transporte público entre os principais temas da eleição de 2012. Assunto para os futuros candidatos não deve faltar: metrô, obras viárias, Ligeirão, radares e preço da passagem (veja abaixo) devem permear o voto do curitibano nas urnas.
O professor de Ciência Política Doacir Quadros, da Uninter, lembra que a mobilidade não será uma novidade no debate político local. Ele citou o caso do atual governador Beto Richa (PSDB), que se elegeu em 2004 após conseguir prestígio ao ter "brigado" com o então prefeito Cassio Taniguchi (atualmente secretário de Planejamento de Richa) e abaixado a passagem de ônibus de R$ 1,90 para R$ 1,80. "É um tema que frequentemente é debatido em período eleitoral porque traz resultado significativo para os candidatos."
De olho na repercussão do assunto, os pré-candidatos não perdem oportunidade de falar em transporte. "Vemos que não temos planejamento nesta cidade", disse o ex-deputado federal Gustavo Fruet (ex-PSDB) ao anunciar a filiação ao PDT no fim de setembro. "Toda cidade que tiver governantes preocupados com o humanismo, inovação e ecologia, deve apoiar o transporte energeticamente correto e não poluidor", escreveu Rafael Greca (PMDB) no site dele, em referência ao Dia Mundial Sem Carro. Já Ratinho Júnior (PSC) tenta colar sua imagem ao projeto do metrô.
De outro lado, o prefeito Luciano Ducci (PSB) faz um discurso propositivo, apesar do desgaste causado por episódios negativos, como o caso Consilux, a demissão da diretora de trânsito da Urbs Rosângela Batistella e a decisão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) que questionou a competência da Urbs de gerir e multar (veja abaixo). "Pretendemos ter obras em curso no próximo ano. Os trabalhos devem durar quatro anos e o curitibano deverá estar andando de metrô no segundo semestre de 2016", disse Ducci, ao confirmar no início do mês a liberação de verbas para a construção de uma linha de metrô na cidade.
Só discurso
Tomás Martins, professor de Administração Estratégica na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e na Universidade Positivo, critica o fato de boa parte do debate eleitoral não entrar para a agenda do novo prefeito. "Infelizmente fica só no discurso, na questão eleitoreira." Para a especialista em discurso político Luciana Panke, coordenadora do mestrado em Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a falta de efetividade é típica deste período. "A promessa é feita (implícita ou explicitamente) sem a explicação de como, de fato, será realizada."
Já a coordenadora do grupo de estudo Trânsito e Transporte Sustentável na UFPR, Alessandra Bianchi, lamenta que o debate político se concentre na crítica ou na defesa da atual configuração de mobilidade e pouco se fale de mudanças significativas. "Não se fala de outras formas de se locomover para tornar possível uma vida mais saudável nesta cidade."
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