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Juiz federal Sergio Moro: prisão de Bumlai mexeu com a Operação Lava Jato. | Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Juiz federal Sergio Moro: prisão de Bumlai mexeu com a Operação Lava Jato.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

O juiz Sergio Moro considerou grave a acusação da Polícia Federal de que o pecuarista José Carlos Bumlai, preso nesta terça-feira (24) na deflagração da 21.ª fase da Lava Jato, teria contraído empréstimos fraudulentos para pagar dívidas do Partido dos Trabalhadores. Para o juiz, o caso representa uma “afetação do processo político democrático”. “O mundo da política e o do crime não deveriam jamais se misturar”, disse o juiz no despacho da prisão.

De acordo com a Polícia Federal (PF), José Carlos Bumlai e pessoas ligadas ao Grupo Schahin são suspeitos de participação em um esquema de contratação da Schahin como operadora do navio sonda Vitória 10.000 da Petrobras, “com a concessão de vantagem indevida a empregados da Petrobras e ao Partido dos Trabalhadores”. A contratação seria uma compensação por um empréstimo no valor de R$ 12 milhões do Banco Schahin ao pecuarista, valor que seria destinado a quitar dívidas do PT.

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Os investigadores sustentam que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu influenciaram na agilização da liberação do crédito. Para Moro, Bumlai teria usado o nome do ex-presidente Lula para viabilizar o empréstimo. “Bumlai teria se servido, por mais de uma vez e de maneira indevida, do nome e autoridade do ex-Presidente da República para obter benefícios. Não há nenhuma prova de que o ex-Presidente da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na investigação ou na instrução. Fatos da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao processo, mas também à reputação do ex-Presidente, sendo necessária a preventiva para impedir ambos os riscos”, concluiu o juiz.

O empréstimo contraído por Bumlai em 2004, no valor de R$ 12 milhões, foi repassado no mesmo dia a uma conta do Frigorífico Bertin. A PF ainda investiga o destino final do dinheiro. Em seus depoimentos de colaboração premiada, o lobista Fernando Soares e o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa afirmaram que os valores foram usados para pagar dívidas da campanha presidencial de Lula, em 2002. Na versão de Marcos Valério, o dinheiro foi utilizado para pagar um empresário que ameaçava envolver pessoas relacionadas à cúpula do PT no caso Celso Daniel.

Para quitar formalmente o empréstimo, em 2005 a empresa Agro Caieras contraiu um segundo empréstimo no Banco Schahin no valor de R$ 18 milhões. Esse empréstimo também não foi quitado e em 2007 o banco cedeu o crédito de R$ 21 milhões para a Schahin Securitizadora. Em 2009, enquanto a Schahin firmava um contrato de US$ 6,3 milhões mensais por 20 anos com a Petrobras, a dívida foi saldada com uma simulação de venda de embriões de Bumlai ao grupo Schahin.

Bumlai foi preso em um hotel em Brasília na manha dessa terça-feira (24). Ele estava na capital para prestar um depoimento à CPI do BNDES. Ele deve permanecer preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

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