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| Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Folhapress

O juiz Sergio Moro vai pedir a extradição do executivo Fernando Migliaccio da Silva, ligado à Odebrecht, que está preso na Suíça desde o último dia 17. O executivo foi preso por autoridades suíças ao tentar encerrar contas e esvaziar um cofre num banco em Genebra. O pedido partiu do Ministério Público Federal suíço.

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Segundo os procuradores da força-tarefa, a prisão dele está vinculada às investigações das autoridades suíças sobre a atuação da Odebrecht naquele país e pode estar relacionada aos mesmos fatos apurados na Operação Lava Jato . As autoridades suíças desconheciam o mandado de prisão preventiva expedido no Brasil.

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Migliaccio, segundo os investigadores da Lava Jato, possui uma gama de empresas offshore e contas em pelo menos três bancos estrangeiros - PKB, Audi e Barclays, todos na Suíça. Ele é apontado como responsável por offshores e contas que foram usadas pela Odebrecht para pagar propina no exterior.

A quebra de sigilo de e-mails usados pelo executivo mostrou que ele tinha poder para administrar uma conta usada pela Constructora Internacional Del Sur, que pagou propinas a dois ex-funcionários da Petrobras, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, ambos delatores da Lava Jato. Ele também administrava uma conta em nome da offshore Klienfeld, também usada para transferir propinas para Barusco e Costa.

Os documentos que comprovam a administração das contas foram obtidos com a quebra de sigilo de dois e-mails usados pelo executivo, um deles da própria Odebrecht. Segundo a PF, os documentos foram digitalizados dentro da empresa.

Uma das contas da Klienfeld foi usada para transferir dinheiro também para o publicitário João Santana e para a mulher dele, Mônica Moura. O casal recebeu por meio da offshore ShellBill, que mantinha conta no banco Heritage.

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Segundo o Ministério Público Federal, Migliaccio foi transferido para os Estados Unidos depois de iniciadas as investigações da Lava Jato, no segundo semestre de 2014. No primeiro semestre de 2015 esteve no Brasil, mas voltou para os Estados Unidos depois que foram feitas buscas e apreensões na Odebrecht, em junho de 2015. A Odebrecht pagou todas as despesas e providenciou os vistos.

Migliaccio foi funcionário da Odebrecht até 2015. Apesar de ter se desligado formalmente da empresa, o MPF apreendeu documentos que mostram que ele continuou a receber salário. A casa onde Migliaccio mora, na Flórida, foi adquirida por uma das offshores abertas por ele.

Para os investigadores, a mudança de Migliaccio foi uma das “manobras orquestradas por Marcelo Odebrecht e seus funcionários”, destinadas a dificultar ações de investigação das autoridades brasileiras.

O atual presidente da construtora Norberto Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, segundo a Polícia Federal, era a pessoa acionada pelo empresário Marcelo Odebrecht para tratar de assuntos referentes ao meio político, inclusive apoio financeiro. Nas mensagens por celular apreendidas pela Lava Jato os investigadores verificaram pelo menos uma referência a um pagamento de R$ 100 mil a uma autoridade com foro privilegiado.

A troca de mensagem entre os dois também faz menção a uma “conta Pós Itália”, que, segundo despacho do juiz Sérgio Moro, pode ser uma referência à pagamentos posteriores aos que constam na planilha do “programa italiano”, onde eram anotados os pagamentos de propina. Ao confrontar anotações do empresário Marcelo Odebrecht com a planilha, a Polícia Federal identificou reuniões ocorridas em outubro de 2010 e abril de 2011. Numa delas, o ex-ministro José Dirceu, denunciado na Lava Jato, se encontrou com um dos executivos da Odebrecht.

Para o juiz, a referência feita na planilha de maneira cifrada, com apenas iniciais de nomes, e a reunião com Dirceu “constituem indícios de envolvimento deles em atividade criminal perpetrada pela Odebrecht”. Quando as mensagens foram interceptadas, Benedicto Barbosa comandava a Odebrecht Infraestrutura.

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