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Homem de palavra, determinado e que lutou pela vida com todas as forças. Assim os amigos descreveram o vice-presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TCE), conselheiro Quielse Crisóstomo da Silva, que morreu ontem em Curitiba. Enfrentando problemas respiratórios, não resistiu a complicações e faleceu aos 69 anos de idade.

Políticos, autoridades e amigos compareceram ao velório no plenário do Tribunal de Contas do Estado. No fim da tarde, o corpo foi cremado numa cerimônia restrita à família na região metropolitana de Curitiba.

"Ele era um brigador. Tem pouca gente que brigou tanto pela vida como ele. Tinha garra e tenho certeza que está no caixão agora, mas contra vontade", disse o presidente do Tribunal de Contas, Heinz Herwig.

Pela experiência na área de engenharia e pela facilidade no trato de questões envolvendo Direito, Heinz costumava chamar o colega de "engenheiro jurídico".

O governador Roberto Requião (PMDB) decretou luto oficial de três dias no Paraná. No velório, onde permaneceu por meia hora, Requião disse que perdeu um amigo. "Desde que me elegi governador, ele almoça no Cangüiri comigo toda quarta-feira. Eu crio bichos, ele também. É uma amizade longa", afirmou.

O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti (PMDB) destacou que o conselheiro demonstrou em toda a sua trajetória política que era "destemido, arrojado e dedicado à causa pública" .

Para o presidente da Câmara Municipal, João Cláudio Derosso (PSDB), Quielse conseguiu conjugar um trabalho como político e técnico. "Sempre soube fechar muito bem os números para dar um veredito exato a prefeitos e ainda sabia interpretar o que o Executivo e as câmaras queriam fazer", comparou o vereador.

O gosto pela música, pelos cavalos e pela política eram traços marcantes do conselheiro. O secretário da Saúde, Cláudio Xavier, disse que quando assumiu a pasta soube que Quielse seria o responsável pela análise das contas. Decidiu fazer uma visita de 15 minutos na casa do conselheiro para tratar do assunto. "Mas a conversa acabou durando quatro horas. Mesmo com dificuldades de respirar, Quielse ficou relembrando várias passagens dele com meu pai", relembrou.

O deputado estadual José Carlos Scarpellini (PSDB) relembrou uma passagem curiosa. Vizinhos de fazenda no interior, o deputado conta que vendeu mudas de abacate para o conselheiro há quatro anos. Passado um tempo, Quielse pediu ajuda para Scarpelini porque cabritos estavam comendo a plantação e a culpa seria de um vizinho.

O deputado foi conversar com o tal vizinho e insistiu que os cabritos não poderiam continuar soltos, mas ele relutava em prender os animais e reagiu: "Mas vão me levar preso por causa disso? Foi o próprio Quielse que pediu para eu cuidar dos cabritos dele", argumentou o vizinho. Scarpellini ligou imediatamente para o conselheiro para narrar o desfecho, que acabou em gargalhadas quando Quielse lembrou que realmente era dono dos animais.

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