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O governador Cláudio Lembo descartou nesta segunda-feira que a morte do coronel Ubiratan Guimarães tenha ligação com a quadrilha que comanda o crime organizado e os ataques a São Paulo. Segundo ele, a certeza vem de informações da própria polícia, que investiga o caso.

Conhecido pelo massacre do Carandiru em 1992, quando 111 presos foram mortos pela polícia, o coronel reformado Ubiratan Guimarães, 63 anos, foi encontrado morto neste domingo, por volta das 22h, em seu apartamento. Ele levou um tiro de pistola no abdômen. A bala atravessou suas costas e se alojou no sofá da sala.

A namorada do coronel, a advogada Carla Cepollina, prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo a polícia, ela foi supostamente a última pessoa a visitar Ubiratan e saiu do apartamento dele por volta de 21h de sábado. Os dois namoravam há cerca de dois anos e Carla é também filha de uma advogada.

Lembo afirmou também que não há relação entre a morte de Ubiratan e a de José Ismael Pedrosa, diretor do Carandiru na época do massacre, morto em outubro do ano passado em Taubaté, no Vale do Paraíba. O assassinato de Pedrosa é atribuído ao crime organizado que promove ataques terroristas a São Paulo e controla o tráfico de drogas em presídios do estado.

O coronel, que é deputado estadual pelo PTB e concorria à reeleição, estava apenas com uma toalha enrolada ao corpo; seu dinheiro, cerca de R$ 180, estava sobre a mesa e nada foi roubado. Os jornais de domingo não foram recolhidos.

De acordo com a perícia policial, o militar estava morto havia mais de 20 horas e sofreu hemorragia interna.

Os porteiros de seu prédio, que fica no Jardim Paulista, zona nobre de São Paulo, afirmaram à polícia não ter ouvido nenhum disparo. Três armas do coronel foram recolhidas pela perícia: dois revólveres calibre 38 e uma escopeta calibre 12.

No domingo à noite, assessores do coronel ficaram preocupados com sua ausência e foram visitá-lo. Não conseguiram abrir a porta e foram até a casa de sua namorada para pegar a chave reserva. Segundo os assessores, por volta das 22h, o corpo foi encontrado na sala, que estava com a luz acesa. Embora a porta da sala estivesse trancada, a porta da área de serviço estava aberta. Não havia sinais de luta ou arrombamento.

O advogado de Ubiratan e deputado federal Vicente Cascione contou que chegou ao apartamento antes da polícia. Para ele, a morte do coronel não foi uma execução, mas um ato de alguém que era de seu relacionamento e que entrou na casa com o consentimento dele.

De acordo com os peritos, apenas um disparo foi efetuado e a hipótese é que o deputado não tenha reagido ao ataque. Ele foi morto de pé e, segundo as avaliações iniciais dos peritos, a uma distância entre 30cm e 50cm. A perícia, que foi encerrada por volta das 3h de domingo, colheu cerca de 20 digitais e diversos objetos do apartamento.

Coronel Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pela morte de 111 presos durante a invasão policial que ficou conhecida como 'massacre do Carandiru', em 1992. Ele foi o comandante da operação policial que invadiu o presídio durante uma rebelião. O militar pôde recorrer da sentença em liberdade e conseguiu a anulação do julgamento este ano, sem passar nenhum dia na prisão.

O número "111" fez parte da legenda do deputado em suas duas candidaturas. De acordo com a polícia, ele recebia ameaças contantes desde o massacre do Carandiru.

Para o deputado federal Arnaldo Faria de Sá, correligionário de Ubiratan no PTB, o coronel estava tranqüilo ultimamente.

- Ele não se sentia incomodado por ameaças, estava bastante tranqüilo - afirmou.

Foi a partir do massacre do Carandiru que se formou a facção criminosa que promove, desde maio, ataques terroristas em São Paulo.

A polícia ainda não se manifestou sobre a motivação e os suspeitos do crime. A morte do coronel reformado foi registrada no 78º Distrito Policial, nos Jardins. Seu corpo está sendo velado ser velado no Regimento de Cavalaria da Polícia Militar, no bairro da Luz, em São Paulo. O enterro será às 15h no cemitério do Tremembé, na zona norte.

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