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Tem muita gente que vai pelas músicas, pelas danças, pela comida. Mas não dá para negar: a Oktoberfest, que ocorre até o dia 21 de outubro, em Blumenau (SC), é a festa do chope. "Não podíamos cair na vala comum do ‘se beber não dirija’, porque as pessoas vêm para isso. Então, tivemos de fazer de outra maneira", diz André Gonçalves, gerente da Escola Pública de Trânsito e responsável pelo Oktober Segura, um serviço de carona para quem foi de carro à festa, mas passou do limite antes da hora de ir embora.

Funciona assim: há um estande de apoio na região central do Parque Vila Germânica, onde estão os pavilhões da festa. Quem acha que bebeu demais pode passar no local e fazer o teste do bafômetro – dois agentes de trânsito estão sempre à disposição dos visitantes para realizar o exame. "Se a quantidade de álcool ficar acima de seis decigramas por litro de sangue, que é o limite previsto em lei, nós disponibilizamos um motorista do Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transportes de Blumenau (Seterb), que assume a chave do carro do folião", diz Gonçalves.

Quem entra na festa recebe panfletos que informam sobre o serviço. "Atendemos muitos grupos que fazem o teste ao mesmo tempo. Aí tem um que só tomou um chope no começo da noite, parou de beber e está dentro do limite legal. Então não precisa de motorista, a chave fica com ele", diz Gonçalves. Em 2006, foram realizados 532 testes. Destes, 133 ficaram abaixo do nível tolerado e 63 tinham índice 0 de álcool no sangue. Entre os demais, 23 precisaram do serviço de carona.

"Tem bêbado que dá trabalho"

Zailton Sartortt é um dos motoristas que prestam o serviço. "Os mais bêbados a gente costuma pegar na madrugada, mais para o fim da festa", diz ele. Os encarregados da carona trabalham sempre em dupla: um dirige o carro do folião. O outro, segue atrás com uma moto que será usada para levar o motorista de volta à festa.

"Uma vez peguei um caso difícil", conta Sartortt. "Primeiro, o homem se recusou a pôr o cinto. Depois, ele perguntou para mim: você dirige mesmo? Quero ver você me levar para a minha casa. Aí não me falou direito onde era", diz o motorista. "Quando finalmente consegui chegar, ele pediu para eu colocar o carro na garagem. Mas a garagem mal passava um espelho de cada lado", relembra. "Foi duro, mas depois ele me agradeceu", diz.

Às vezes o agradecimento vai longe demais. "Teve um senhor que passou mal dentro do pavilhão, por causa do volume de pessoas. Depois da carona, ele queria me dar R$ 50. Eu disse que não podia aceitar. Meu serviço é fazer isso", diz.

O motorista conta que houve momentos em que as regras do serviço foram alteradas. "Já levamos um motoqueiro para casa. Aí, um motoqueiro nosso foi com a moto do folião e o carro que foi seguindo", diz.

Não há limite de distância para a carona – desde que ela seja para dentro de Blumenau. Segundo Golçaves, a idéia é que este serviço seja a última opção do folião. "Durante a Oktoberfest, colocamos o sistema de transporte coletivo para funcionar 24 horas. A frota de táxi usa uma tabela de preço fechada do local do evento até os hotéis. Assim, a gente estimula as pessoas a não dirigir", diz ele.

Mas tem folião que vai sem carro e tenta dar um jeitinho para burlar o sistema. "Tem gente que está a pé que quer que a gente leve", diz Sartortt. "Aí não pode, né? Aí a gente tem que recusar".

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