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Escândalo

MP suspeita de que Marcos Valério participou do mensalão no DF

Ministério Público investiga se empresa do publicitário, contratada pela Câmara Legislativa do DF, teria desviado recursos para o esquema

Marcos Valério: principal operador dos mensalões do PT e do PSDB | Carlos Roberto/Jornal Hoje em Dia
Marcos Valério: principal operador dos mensalões do PT e do PSDB (Foto: Carlos Roberto/Jornal Hoje em Dia)
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São Paulo - O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga a participação do empresário Marcos Valério no escândalo de corrupção que ficou conhecido como mensalão do DEM de Brasília. Marcos Valério é considerado o principal operador dos mensalões (supostos esquemas de arrecadação ilegal de recursos) do PT e do PSDB.

A investigação está nas mãos dos promotores do Núcleo de Combate às Organizações Crimi­­­no­­sas (NOC) que apuram se a empresa SMPB de Valério também participou do suposto esquema de arrecadação e pagamento de propina que envolve o governador afastado e preso José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM).

A suspeita é que contratos da SMPB com a Câmara Legislativa do Distrito Federal também tiveram recursos desviados para financiar o esquema e a campanha de Arru­­­da ao governo local em 2006. O esquema teria começado na gestão do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), o mais recente adversário político do ex-democrata, e envolveria a empresa Notabilis Comunicação e Marketing.

Atualmente, a Notabilis está no nome de Orlando Pontes, irmão de Omézio Pontes, ex-assessor de imprensa do governador e um dos investigados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposta participação no esquema de corrupção. Entre 2003 e 2005, no entanto, Omézio e Orlando tinham como sócio Marcos Sant’anna Arruda, filho do governador afastado e preso.

Os contratos da Câmara com a SMPB ultrapassaram os R$ 50 milhões. A reportagem teve acesso às ordens bancárias pagas pela Câmara para a agência de Marcos Valério e também a cópia dos extratos bancários da empresa que mostram repasses para a Notabilis. Pelo menos entre 2003 e 2004, foram 14 transferências que totalizaram R$ 408 mil.

A primeira transferência da SMPB para a Notabilis foi registrada em 23 de outubro de 2003, no valor de R$ 26.460,50. No mesmo dia, foi realizada a alteração contratual da Notabilis, incluindo Marcos Arruda entre os sócios da empresa. A inclusão no quadro social da empresa tem data de 23 de outubro de 2003, mas só foi registrada no Cartório Marcelo Ribas em 06 de novembro de 2003, sob o nº 0002273, no livro A-03. Em 2003, o capital social da Notabilis passou de R$ 15 mil para R$ 200 mil.

Uma auditoria realizada pela Câmara Legislativa apontou irregularidades no contrato da Casa com a SMPB. A licitação teria sido direcionada e deveria ter sido anulada porque a SMPB e a Giacometti, outra empresa que participou do processo, tinham o mesmo endereço e telefone.

Entre os vídeos gravados por Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção, o deputado distrital Benício Tavares (PMDB), confirma que foi o ex-governador Joaquim Roriz que pediu a contratação da agência de Marcos Valério. "O Roriz me chamou para colocar aquela agência SMPB e você acha que dava para fazer alguma coisa? O Roriz na minha cola...", disse.

Depoimento

Em depoimento ao Ministério Público e também no inquérito do STJ, Durval Barbosa, afirmou que Arruda o procurou em 2003 pedindo a contratação da No­­tabilis. O encontro teria sido o desdobramento de uma conversa que teria ocorrido no final de 2002, pelo então deputado federal, José Roberto Arruda, que pediu ajuda para a campanha eleitoral de 2006, com aval de Roriz.

Na época, Durval comandava a Companhia do Desen­­­vol­­­vimento do Planalto Central (Codeplan) e teria se comprometido a repassar uma mesada para a Notabilis. Entre 2003 e julho de 2006, a empresa apresentou 39 notas fiscais, totalizando R$ 720 mil.

Omézio, segundo ele, teria participado da negociação. O ex-assessor de imprensa de Arruda aparece em dois vídeos gravados por Durval recebendo maços de dinheiro.

O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, disse que desconhecia a relação da SMPB com a Notabilis e que não comentaria nenhum questionamento porque não tinha conhecimento da investigação. Os advogados de Arruda não retornaram as ligações. Marcos Arruda e Omézio Pontes não foram localizados.

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