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O Ministério Público Eleitoral (MPE) vai pedir a cassação do diploma do deputado estadual eleito e ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins, suspeito de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Segundo a Polícia Federal, há indícios de que ele chefiaria um esquema de proteção dos dois grupos que disputam o controle das máquinas na Zona Oeste. O deputado eleito negou as acusações e disse que só vai se pronunciar depois de que tomar conhecimento de que o MPE vai pedir a cassação do seu diploma como deputado estadual.

Os procuradores federais responsáveis pelas investigações afirmaram nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, que o deputado Álvaro Lins ainda não foi indiciado, mas continua sendo alvo de investigações. Segundo os procuradores, as denúncias contra o deputado, que envolvem desde corrupção a crimes eleitorais serão encaminhadas para apreciação das Procuradorias Regional Eleitoral e Regional Federal.

Ao comentarem a suspensão do cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do deputado, que deveria ser realizada na última sexta-feira, os procuradores explicaram que no momento em que foi formalizada a denúncia contra os 43 envovidos e pedidos os mandados de busca, Álvaro figurava apenas como deputado eleito. No momento em que o juízo da 4ª Vara Federal Criminal expediu os mandados, o ex-chefe de Polícia Civil estava sendo diplomado:

- Suscitou-se a dúvida sobre o foro privilegiado. Havia ali, um risco de nulidade da prova. Optamos por suspender o cumprimento do mandado, enviar para apreciação do Ministério Público Eleitoral. Só depois, o juiz federal deverá decidir se mantém a decisão, ou se declina da competência para o Tribunal Regional Federal. De qualquer maneira, a investigação não será paralisada - afirmou o procurador Carlos Aguiar, explicando que a decisão de suspender o cumprimento foi feita em conjunto com a Polícia Federal.

Policiais dariam proteção para dois grupos rivais

As investigações da Operação Gladiador indicam que o grupo de policiais supostamente chefiados por Álvaro Lins prestaria serviços de segurança tanto para a quadrilha do contraventor Rogério Andrade quanto para a de Fernando Iggnácio, rivais no controle da máfia dos caça-níqueis. Reportagem publicada nesta segunda-feira no jornal O Globo revela a estratégia , que garantiria aos acusados o controle sobre todas as atividades da máfia.

A propina paga pela proteção chegaria às delegacias semanalmente e seria entregue por emissários dos dois bicheiros a inspetores de polícia ligados a Lins. Em média, os valores semanais eram de R$ 3 mil por delegacia, mas os agentes federais identificaram remessas de até R$ 5 mil.

Também foram encontrados, nos registros contábeis apreendidos pela Polícia Federal indícios da participação do coronel Celso Lacerda Nogueira, ex-comandante do 14º BPM (Bangu), na máfia dos caça-níqueis. A PF tem provas de que ele recebeu propina do bicheiro Fernando Iggnácio, durante um jantar no Royal Grill, num shopping na Barra da Tijuca.

A Corregedoria da Polícia Civil abre nesta segunda-feira procedimento para investigar os policiais acusados. De acordo com o corregedor, delegado Ricardo Martins, Álvaro Lins poderá ser investigado, se não for beneficiado por foro privilegiado por ter sido eleito deputado estadual.

— Embora a PF tenha criado celeuma em torno do Álvaro Lins, a Justiça não aceitou (a denúncia) porque não havia provas suficientes. De qualquer maneira, vamos apurar com rigor— disse Martins.

Balanço da operação deve sair nesta segunda-feira

Todos os delegados envolvidos nas investigações estão reunidos na sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio. De acodo com o delegado Alessandro Moretti, coordenador geral das investigações da Operação Gladiador, disse que policiais federais tentam cumprir os oito mandados de prisão restantes da operação que desarticulou a quadrilha dos contraventores Rogério Andrade e Fernando Iggnácio. Entre os mandados estão o dos dois policiais civis, Hélio Machado da Conceição, o Helinho, e Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, considerados os homens de confiança do delegado e deputado estadual Álvaro Lins.

Além disso, os agentes da PF também precisam cumprir dez dos 28 mandados de busca e apreensão em casas de jogos, mas falta espaço para guardar as 4,8 mil máquinas caça-níqueis que a Justiça mandou confiscar no Rio de Janeiro e em Friburgo, na Região Serrana. Ainda na tarde desta segunda-feira, a PF deve divulgar um balanço do que foi a maior operação contra a corrupção policial, no estado do Rio de Janeiro.

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