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Muitos dos 435 suspeitos de terrorismo presos na base militar norte-americana de Guantánamo, em Cuba, podem nunca mais voltar para casa.

Detidos, mas não indiciados, eles foram capturados na chamada guerra ao terrorismo dos Estados Unidos, um conflito com poucas fronteiras, inimigos difíceis de identificar e sem um desfecho previsto.

Os militares norte-americanos já libertaram centenas de homens, a maioria capturados no Afeganistão. Entre os ainda presos em Guantánamo, o Pentágono decidiu que cerca de 120, e talvez mais, poderiam ser enviados para casa. Tal processo tem sido lento devido à relutância de países de destino desses detidos.

No entanto, um outro grupo de mais de 300 presos, incluindo 14 transferidos em setembro de prisões secretas em outros continentes, poderiam permanecer no campo militar de detenção até morrerem.

"Sim, eles poderiam ficar presos pela duração de suas vidas", afirmou Cully Stimson, secretário-assistente para assuntos de detentos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Ele fez o comentário numa de suas viagens regulares à base na semana passada.

Alguns, incluindo o próprio Stimson, afirmam que, considerando as condições gerais de um regime de detenção, a vida em Guantánamo não é tão ruim.

"Se os presos norte-americanos vissem o regime que essas pessoas têm aqui, eles estariam batendo na porta para entrar em Gitmo", afirmou ele, usando o apelido dado à base naval norte-americana.

Após as críticas pelas práticas de detenção inicialmente usadas, Guantánamo foi elogiada este ano por autoridades européias, classificada como uma instalação comparável às melhores prisões do velho continente. Muitos, entretanto, ainda dizem que ela tem de ser fechada.

Guantánamo mudou muito em relação aos seus primeiros dias, marcados pelo chamado "Campo Raio-X", as celas a céu aberto onde os detentos ficavam quando o Pentágono começou a trazê-los do Afeganistão em 2002. O Campo Raio-X está hoje fechado, coberto de mato, com cobras e teias de aranha.

Os prédios da prisão escondem-se atualmente atrás de diversas cercas com arame farpado. Velhas torres de vigilância de madeira e novas de aço marcam a área. Os presos são separados pelo seu nível de "obediência", e a maioria é considerada não totalmente obediente.

Essa avaliação determina a cor de uniforme que o detido usa. Branco é para aqueles que obedecem completamente. Diferentes tons de marrom e laranja estabelecem os graus de desobediência. Isso determina se um preso mora só ou com outros nove, que tipo de escova de dentes ele recebe e a espessura do seu colchão.

Na semana passada, um detento sentou numa almofada azul, com os seus braços nos joelhos, encarando o tapete no chão. Ele falou pouco com quem o interrogava e com o tradutor civil.

Outros, de acordo com um dos principais interrogadores, são mais falantes. Alguns sentam em cadeiras reclináveis. Os militares tendem a oferecer aos que cooperam café e lanche para incentivá-los a falar.

Contudo, mesmo os que cooperam e são obedientes são acorrentados ao chão por pelo menos um dos tornozelos.

Os guardas sempre vestem roupas de proteção e removem os seus nomes dos uniformes. Eles dizem que se acostumaram com os insultos e com a urina e as fezes jogadas pelos detentos.

Leia mais: Reuters/O Globo Online

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