• Carregando...

Dizem que na política brasileira não existe fila. Em matéria de candidatura, quem cede a vez para um concorrente simplesmente desaparece da ordem de chegada. Às vésperas das convenções partidárias, o governador Orlando Pessuti (PMDB) e o senador Osmar Dias (PDT) se deparam (de novo) com esse problema.

Na última eleição estadual, a carreira de Pessuti virou de cabeça para baixo. Primeiro, ele teve de abrir mão da vaga de vice na chapa de Roberto Re­­quião e dar espaço para o então presidente da Assembleia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB). De troco, ganhou a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Como a aliança com os tucanos não vingou, Pessuti foi chamado às pressas para o antigo cargo. E a vaga no tribunal foi parar no colo de Hermas. Dois caprichos urgentes de Requião, em dois sentidos opostos, plenamente atendidos.

Em 2002, Osmar era o candidato de consenso a governador. Contava com o compromisso de apoio de Requião, o que significava um caminho limpo pela frente. Ainda assim preferiu não trocar o certo pelo duvidoso e abriu mão da disputa em benefício do irmão, Alvaro Dias (PSDB).

Passaram-se os anos e as cenas se repetem. Pessuti e Osmar sofrem pressões para desistirem das pré-candidaturas ao Palácio Iguaçu. A saída do peemedebista interessa mais uma vez a Requião e o pedetista agora está na mira do PSDB.

Sem a desejada aliança com os partidos da base de apoio ao governo Lula, Osmar vê reduzidas, mas não destruídas, as chances de vencer Beto Richa (PSDB).

Assim como em 2002, Osmar abriria mão da disputa para governador por uma reeleição teoricamente tranquila ao Senado. Em troca, seria agraciado com o Ministério da Agri­­­cultura em uma possível gestão Serra. Tudo perfeito, mas ainda falta acertar com russos, ou melhor, os eleitores – como ensina a lição de 2002, quando Alvaro perdeu para Requião.

A situação do PMDB parece ainda mais um replay. Requião, que foi encaixando Pessuti da maneira que lhe cabia melhor em 2006, agora precisa limpar o trilho da disputa ao Senado. E a melhor maneira é fazer com que Osmar decida se candidatar ao governo, o que só ocorrerá com a formação de uma chapa que contemple PDT, PT e PMDB.

Para isso, Pessuti teria de abrir mão da candidatura – ou ser forçado a fazê-lo. Requião deixa claro sempre que pode o descontentamento com o antigo vice. Além disso, tem um trunfo na manga: a desistência interessa à aliança nacional entre PMDB e PT, que busca um palanque forte para a dupla Dilma Rousseff/Michel Temer no estado.

Tanto Pessuti quanto Osmar ainda têm clara na memória a lembrança das eleições recentes e tudo o que fizeram em prol de outros políticos. O destino, porém, colocou um contra o outro, em um jogo que lembra aquela brincadeira de quem aguenta mais tempo sem piscar o olho. Quem perder, sai da fila.

E, ao que tudo indica, para sempre.

Nos corredores

Enfim, o fim da multa

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) deve entrar em contato hoje com o governo do estado para apresentar os cálculos do dinheiro que será ressarcido aos cofres do Paraná pelo fim da multa do Banestado. Segundo o ministro Paulo Bernardo, as contas mostram uma diminuição de R$ 700 milhões no saldo da dívida contraída pelo estado para saneamento do banco, em 1998. Além disso, o estado não precisará pagar as parcelas desse empréstimo pelos próximos quatro meses, o que totaliza R$ 267 milhões a mais no caixa estadual.

Alvaro silencioso

O senador Alvaro Dias (PSDB) tem feito questão nas últimas semanas de não comentar ou se informar sobre os acordos feitos no Paraná. "Minha única declaração é o silêncio." Alvaro, que perdeu a briga interna com Beto Richa pela indicação a governador, agora não quer se meter em um possível acordo do partido para tirar o irmão Osmar da disputa. Ele também desmente a hipótese de coordenar a campanha presidencial de Serra na região Sul. "Se não tenho apoio nem no Paraná, é porque não sou o mais indicado."

Briga proporcional

Não são apenas as vagas para os candidatos a governador e senador que estão mobilizando as disputas e acordos entre os partidos no Paraná. As alianças nas eleições proporcionais (para deputado estadual e federal) também são entraves. A coligação mais polêmica em formação envolve PP e PSDB. Se for consumada pelos caciques locais, há chance de tucanos levarem a questão para a executiva nacional.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]