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Em depoimento na sub-relatoria de Movimentação Financeira da CPI dos Correios, o doleiro Najun Turner declarou que nunca trabalhou com a Discovery, que teria emprestado R$ 14 milhões para a Natimar, empresa catarinense acusada de repassar recursos no esquema do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

- É absurda a hipótese de que a Natimar tenha repassado ou aplicado valores para Marcos Valério ou suas empresas - rebateu o doleiro, que foi consultor da empresa catarinense.

Turner disse que pode se tratar de uma opção que os exportadores têm para regularizar a entrada do capital quando não há possibilidade de realizar a exportação física das mercadorias no prazo estabelecido pelo Banco Central. Nesse caso, transformam-se os contratos de câmbio com fins de exportação em contratos de empréstimo. Ele não soube especificar o prazo dado pelo BC, mas ressaltou que muitas vezes a exportação não é realizada por alteração nas taxas cambiais.

Turner sustentou a versão de que o sócio da corretora Bonus-Banval Enivaldo Quadrado tentou envolver a Natimar no esquema de Marcos Valério.

- Acredito que o Enivaldo, em um momento de desespero, tenha encaixado um dos clientes para explicar a elevada movimentação financeira da corretora - disse.

Pela hipótese de Turner, o sócio da corretora estaria protegendo outros clientes, que seriam os reais envolvidos no esquema. No entanto, o doleiro ponderou que nunca escutou o nome de Marcos Valério na Bonus-Banval. Turner também não soube explicar porque Quadrado teria escolhido a Natimar. O doleiro comentou apenas saber que a situação financeira da Bonus-Banval estava muito complicada no ano passado.

- A Natimar era um dos grandes clientes da corretora.

Turner lembrou ter orientado o proprietário da Natimar, Carlos Alberto Quaglia, a não assinar mais as cartas de transferência que a Bonus-Banval enviava à empresa catarinense, com a desculpa de que passava por uma auditoria externa e não poderia fazer o estorno de R$ 6,5 milhões depositados indevidamente na conta da empresa.

Turner sugeriu aos parlamentares que peçam à corretora Bonus-Banval as notas de negociação das operações financeiras. O doleiro destacou que é importante prestar atenção nas datas em que as operações foram feitas.

Respondendo à pergunta do sub-relator de Movimentação Financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), Turner observou que não há vantagem para as instituições financeiras na concessão de empréstimos com garantias no exterior. Segundo o doleiro, os juros no Brasil são muito maiores do que os incidentes sobre os empréstimos fora do país. Fruet pediu ajuda do depoente para entender o esquema de distribuição de recursos da corretora Bonus-Banval.

Ao fim do depoimento, Turner entregou ao deputado Sílvio Torres (PSDB-SP) uma relação de 24 perguntas que ele faria para Enivaldo Quadrado, a fim de contestar informações que o empresário deu à CPI em depoimento anterior. A senadora Ideli Salvati (PT-SC) sugeriu que se faça, posteriormente, uma acareação entre o empresário Marcos Valério, Enivaldo Quadrado e os doleiros que prestaram depoimento nesta terça: Turner e Carlos Alberto Quaglia.

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