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Sergio Moro:  “Não podemos varrer para debaixo do tapete. Se não o enfrentarmos agora, encontraremos o problema no futuro.” | Rovena Rosa/Agência Brasil
Sergio Moro: “Não podemos varrer para debaixo do tapete. Se não o enfrentarmos agora, encontraremos o problema no futuro.”| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O juiz federal Sergio Moro afirmou ter cometido erros durante as investigações da Lava Jato, mas disse que sempre se baseou na lei. “Não acerto todas”, reconheceu nesta sexta (8), sem detalhar os erros que teria cometido. Segundo ele, porém, a Justiça está funcionando e oferece a possibilidade de recursos. Moro defendeu a operação dos “ataques” sofridos e afirmou que o Brasil não tem alternativa, a não ser continuar as investigações.

“Não podemos varrer para debaixo do tapete. Se não o enfrentarmos agora, encontraremos o problema no futuro, provavelmente em escala muito maior”, disse Moro em palestra a estudantes brasileiros em Chicago, nos EUA.

De acordo com o juiz, o pagamento de propina em negócios envolvendo a Petrobras era a “regra do jogo”. Ele lamentou os custos “enormes” dos casos de corrupção descobertos na investigação, das perdas financeiras estimadas em US$ 6 bilhões ao impacto negativo na autoestima dos brasileiros e na imagem do país no exterior.

Em resposta ao médico Drauzio Varella, outro palestrante do evento, que perguntou sobre a operação ter prendido poucos políticos, Moro criticou o foro privilegiado, usando uma referência inusitada. Citando a “sabedoria das histórias em quadrinhos”, ele disse que “quanto maior o poder maior a responsabilidade”. Mas no caso do foro privilegiado é o oposto, afirmou, quanto maior o poder, maiores os privilégios.

“O juiz profere sua decisão com base nas leis, nas provas, nos fatos. Minha preocupação é definir com base no processo. Não posso pensar no impacto político daquilo”, disse. “É importante não confundir Justiça com política”, afirmou o juiz. Se a decisão tem um impacto político, Moro disse que é porque são julgados crimes praticados por políticos. “Até vejo críticas ao meu trabalho, mas não sou um juiz investigador, não dirijo as investigações.”

Questionando por um dos participantes sobre a fama repentina, que fez a revista norte-americana Fortune o colocar como o 13º líder mais influente do mundo, Moro disse que se sente incomodado. “Acho que existe foco equivocado na minha pessoa, que não acho muito positivo. Há uma certa personificação”, afirmou, destacando que é um juiz de primeira instância e que as investigações da Lava Jato envolvem a Polícia Federal e o Ministério Público.

Moro afirmou que a grande questão que se coloca neste momento é se a Operação Lava Jato vai levar a ganhos institucionais duradouros ou não. “Isso não depende dos juízes, não depende dos políticos, depende dos eleitores.”

Brasileiro acha que o povo será responsável pelo afastamento de Dilma

Na parte de perguntas, um dos estudantes questionou Moro sobre como ele via as críticas a divulgação dos áudios de gravações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que também aparece a presidente Dilma Rousseff. O juiz disse que já prestou as explicações ao Supremo Tribunal Federal e pelo fato do caso estar em andamento, não poderia fazer maiores comentários.

A conferência em Chicago é organizada pela Brasa (Associação de Estudantes Brasileiros no exterior) e continua neste sábado (9) com palestras de Joaquim Barbosa, Marina Silva, Joaquim Levy e Pérsio Arida, entre outros.

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