
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nas conversas que teve com políticos em Brasília na quinta-feira (14), que não atravessa uma boa fase. Lula disse estar preocupado com o andamento do governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, e com a Operação Lava Jato, em especial a decisão do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, de ter fechado um acordo de delação premiada. “Não estou numa fase muito boa, não”, afirmou o ex-presidente. Com ar abatido, contrariando o discurso normalmente otimista nas conversas privadas, segundo pessoas com quem se encontrou, o petista comentou que está desesperançoso com as perspectivas para a economia brasileira.
Na avaliação de Lula, a rentabilidade das empresas no país tem caído, atribuindo ao governo Dilma a responsabilidade por estar tomando medidas equivocadas na condução da política econômica.
Em uma dessas conversas, no almoço com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula afirmou que o governo precisa sair da pauta negativa do ajuste fiscal. O ex-presidente disse aos presentes que ações do governo que poderiam estimular a retomada da economia, como a terceira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o pacote de concessões, ainda não saíram do papel. No giro por Brasília, o ex-presidente chegou a confessar que o projeto político dele está “esfarelando”. Na sexta-feira (15), Lula almoçou na embaixada de Cuba.
Lula também se mostrou preocupado com as implicações da delação do dono da UTC, que na quarta-feira (13) assinou com a Procuradoria-Geral da República o acordo. Pessoa é apontado como o chefe do cartel que atuou na Petrobras.
No início do ano, antes da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do fim de abril de soltar Pessoa e outros oito empreiteiros presos na operação, Lula se mostrava apreensivo com o que o dono da UTC poderia falar. Ele e Pessoa se tornaram amigos nos últimos anos. O ex-presidente temia que o empreiteiro revelasse informações que pudessem comprometê-lo.



