No discurso de posse, Temer reafirma preocupação com a crise

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Em seu primeiro discurso nesta segunda-feira (2) já como novo presidente da Câmara, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), voltou a destacar a crise financeira internacional como principal preocupação para os seus dois anos de mandato. Outros nove membros da Mesa Diretora foram eleitos em primeiro turno. Inocêncio Oliveira (PR-PE) e José Carlos Araújo (PR-BA) disputarão em segundo turno a vaga de 2° secretário da Casa.

Logo após o anúncio do resultado, Temer cumprimentou os colegas e subiu para a cadeira de presidente sob aplausos do plenário. Ele elogiou os adversários Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) e disse desejar uma convivência "fraterna" entre todos os colegas de Câmara.

Temer voltou a dar forte temática à crise financeira no seu primeiro pronunciamento como presidente. "Volto a dizer que esta crise que se avizinha encontrará resistência no país e, especialmente, no poder Legislativo. No meu discurso como candidato já disse que vamos trabalhar para que possamos formular idéias para ajudar o país a enfrentar a crise."

O novo presidente disse ainda ter a intenção de promover a regulamentação de todos os artigos da Constituição de 1988 que ainda carecem deste instrumento. Afirmou também que seu sonho para o final de mandato é que os deputados não encontrem problemas para caminhar no meio da população.

Temer prometeu ainda dar uma vaga no colégio de líderes, que decide a pauta da Casa, para a bancada feminina. Disse ainda que irá criar uma procuradoria parlamentar feminina.

Mesa Diretora

Após a posse, Temer abriu o painel com os votos dos outros dez cargos da Mesa. Dos candidatos oficiais do "blocão" de Temer, Vic Pires Franco (DEM-PA) foi o único derrotado em primeiro turno. Ele teve 218 votos contra 283 de Edmar Moreira (DEM-MG), que acabou eleito como 2° vice-presidente.

Foram eleitos em primeiro turno Marco Maia (PT-RS), 1° vice-presidente; Edmar Moreira (DEM-MG), 2° vice-presidente; Rafael Guerra (PSDB-MG), 1° secretário; Odair Cunha (PT-MG), 3° secretário; Nelson Marquezelli (PTB-SP), 4° secretário; os suplentes Marcelo Ortiz (PV-SP), Giovanni Queiroz (PDT-PA), Leandro Sampaio (PPS-RJ) e Manoel Júnior (PSB-PB).Eleição

Temer foi eleito em primeiro turno nesta segunda-feira (2) pela terceira vez presidente da Câmara dos Deputados. Ele obteve 304 votos contra 129 de Ciro Nogueira (PP-PI) e 76 de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Ele foi eleito para o cargo em 1997 e em 1999, tendo sido presidente por quatro anos. No total dos 513 deputados, 509 votaram. Temer formou uma ampla aliança com 14 partidos para chegar à presidência, unindo partidos do governo e da oposição. Com sua vitória, o PMDB vai comandar as duas Casas, uma vez que José Sarney (PMDB-AP) foi eleito presidente do Senado. A eleição de Temer é o cumprimento de um acordo feito pelo PMDB com o PT ainda em 2007, para eleger Arlindo Chinaglia (PT-SP). Pelo acordo, caberia agora ao PMDB indicar o candidato para o cargo.

Temer é advogado e está no sexto mandato na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa é o segundo na linha sucessório e substitui o presidente da República na ausência do presidente e do vice. Isso já aconteceu com o próprio Temer duas vezes nos anos de 1998 e 1999.

No Senado

José Sarney (PMDB-AP) é o novo presidente do Senado. Ele foi eleito por 49 votos contra 32 do senador Tião Viana (PT-AC) nesta segunda-feira, e vai substituir no cargo o senador pelo Rio Grande do Norte Garibaldi Alves, também do PMDB.

Aos 78 anos - faz 79 em abril -, Sarney vai comandar pela terceira vez o Senado - os mandatos anteriores foram entre 1995 e 1997 e entre 2003 e 2005. No cargo, Sarney vai administrar um contingente de 7,2 mil funcionários, entre efetivos e em cargo de confiança, e um orçamento anual de R$ 2,7 bilhões, superior ao da cidade de Porto Alegre. Ele apoiou um corte de 10% neste valor em um discurso antes da eleição. A vitória de Sarney pode abalar a base aliada do governo. O senador rompeu um acordo entre o governo e o PMDB, que previa a troca de apoio nas eleições da Câmara e o Senado e que vinha da legislatura anterior.