Vinte e quatro horas depois da crise que rondou o Planalto, o ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu ontem que o grampo contra o presidente do STF, Gilmar Mendes, pode ter sido feita ilegalmente por arapongas da Abin, no rastro da Operação Satiagraha. Tarso defendeu a Polícia Federal, mas foi duro em relação à agência: disse que a Abin "não poderá sonegar informação" no inquérito aberto pela PF para investigar o grampo.
Ao reconhecer a possibilidade de as escutas serem reflexo da Operação Satiagraha, que em julho investigou o banqueiro Daniel Dantas, preso duas vezes, Tarso disse: "É uma linha de investigação não excluída". "Pode ser alguém que tenha ou teve vínculos com a Abin e que não necessariamente tenha agido a mando da direção".
No Palácio do Planalto, auxiliares do presidente Lula suspeitam que Mendes tenha sido alvo de espionagem por mandar soltar Dantas duas vezes. Segundo esse raciocínio, agentes da Abin ligados ao diretor afastado da agência Paulo Lacerda (ex-diretor da PF) e ao delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Satiagraha, estariam desconfiados da ligação entre Dantas e o presidente do STF. Na época, a Abin entrou na operação à revelia do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa.



