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O 1º vice-presidente da Câmara, deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), fez questão de qualificar-se como um candidato de oposição ao governo federal, ao defender sua candidatua em discurso no plenário. Mas disse que apenas os "descerebrados" podem entender que consenso só se faz dentro do governo.

- Não sou ditador nem fascista, sou um democrata - disse, ao garantir que lutará pela independência da Câmara e pela harmonia entre os Poderes.

Para Nonô, ser eleito presidente da Câmara representa o caminho natural.

- Quero que a interinidade se transforme em permanência - defendeu. Nonô disse ainda que a eleição de um candidato "chapa-branca, com absoluta identidade com o governo federal", será ruim para a Câmara, referindo-se ao candidato Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Nonô anunciou que seu primeiro gesto como presidente da Casa será cobrar cooperação do Executivo para que limite a edição de medidas provisórias. O candidato pefelista disse ainda que garantirá o andamento das votações de temas de interesse do governo e da sociedade.

Para o deputado, o Executivo, o Legislativo e algumas instituições da iniciativa privada vivem hoje um desgaste monumental, situação que ele qualificou como "psicopático-política". Para o candidato, se os políticos não tiverem grandeza neste momento, todos serão trucidados nas eleições de 2006.

Nonô disse ainda que manterá iniciativas criadas pelo ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, como a que garante a todos os parlamentares a oportunidade de viajar ao exterior em missões oficiais.

Nonô, há 23 anos como deputado federal, tem uma trajetória política que vai da extrema esquerda à direita. Presidente do diretório estudantil da Faculdade de Direito de Recife, era colega de turma do cantor Alceu Valença. Foi preso em 1968, no congresso clandestino da UNE em Ibiúna.

Junto com o deputado José Dirceu (PT-SP) e o ex-presidente do PT José Genoino, Nonô ficou preso no Carandiru por 42 dias. Filho do deputado alagoano Aloysio Nonô, cassado pelo AI-5, o jovem José Thomaz foi para um exílio voluntário em Lisboa. De volta a Alagoas, foi promotor em cidades do interior até assumir a Promotoria do Júri de Maceió. Virou advogado do então senador Teotônio Vilela, o menestrel das Alagoas.

Em 1979, foi secretário da Fazenda do governo de Guilherme Palmeira, de quem é primo. Desde então, não saiu mais da vida pública. O primeiro mandato de deputado federal foi em 1983, pelo PDS. Mas, contrário ao comando partidário, juntou-se ao grupo a favor das eleições diretas, quando se aproximou de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.

- Desde aquela época sou PHD em dissidência - brinca Nonô.

Nessas duas décadas de Parlamento, Nonô ganhou destaque durante a CPI do Orçamento. Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, ele comandou o processo de cassação dos chamados anões do Orçamento. O momento mais difícil da vida política do deputado foi em 1990, com a eleição do presidente Fernando Collor. Foi o único parlamentar alagoano a fazer oposição ao governo Collor. Filiado ao PFL, Nonô foi constrangido a mudar de partido, filiando-se ao PMDB. Passou ainda pelo PSDB e está de volta ao PFL desde 1999. Para ele, não há motivos para constrangimentos em sua trajetória.

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