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Do suco à presidência da Câmara Municipal

Henry Milléo/Gazeta do Povo

A ascensão foi rápida. Há pouco mais de três anos, João Luiz Cordeiro (PSDB, foto), mais conhecido com João do Suco, tomava posse na Câmara de Curitiba para o seu primeiro mandato como vereador. Na última segunda-feira, ele foi eleito para presidir a Casa pelos próximos dez meses. Candidato indicado pelo PSDB, Cordeiro substituiu o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) – que renunciou do cargo.

Leia a matéria completa

Quem é

Conheça o novo presidente da Câmara:

- João Luiz Simões Cordeiro, comerciante, tem 53 anos. Nascido em Curitiba, é filiado ao PSDB. Exerceu mandato como suplente de vereador entre 2007 e 2008. Antes, foi administrador da Regional Pinheirinho, entre 2002 e 2004. Casado, tem duas filhas. É católico, ministro da Eucaristia e voluntário

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Vida e Cidadania | 3:56

Novo presidente da Câmara fala sobre limpar a imagem deixada pelo antecessor e sobre os planos para o futuro.

Na manhã da última quinta-feira, o novo presidente da Câmara de Curitiba, João Luiz Cordeiro, o João do Suco (PSDB), concedeu uma entrevista à Gazeta do Povo falando sobre seu novo cargo. Líder do prefeito na Casa até o início do ano, Cordeiro foi eleito na última segunda-feira, por 25 votos a 11, com mandato até o final do ano.

O vereador, que ainda está em seu primeiro mandato, revelou que não esperava ser eleito tão cedo para a presidência, mas admitiu que sempre teve a ambição de um dia assumir a presidência.

Afinal, é João do Suco ou João Luiz Cordeiro?

Houve uma reação por parte de cientistas políticos. Inclusive minha coordenadora de curso, de quando estava na Academia, sugeriu que, por causa da responsabilidade de ser presidente da Casa Legislativa da capital do Paraná, era o momento de eu colocar João Luiz Cordeiro como o nome em atos oficiais, documentos. Se é melhor assim, para a cidade e para as pessoas, ao receber uma autoridade em meu gabinete ou representar a cidade de Curitiba, vou ser o João Luiz Cordeiro. Mas, em nenhum momento, tenho constrangimento de dizer que eu sou o João do Suco. Foi o João do Suco que fez o João Luiz Cordeiro chegar até aqui.

O epicentro da crise que culminou na queda do ex-presidente João Cláudio Derosso foram irregularidades na contratação de empresas de publicidade para serviços na Câmara. Hoje, há uma licitação suspensa. O que o senhor pretende fazer em relação a isso?

A partir da tarde de hoje [quinta-feira], vou começar as reuniões com as diretorias. A reunião com [a diretoria de] finanças será uma das primeiras. Vou fazer uma avaliação desse processo. Já solicitei um relatório avaliando cada licitação, seja [de] publicidade ou [de] outros trabalhos da Casa. Vou fazer todo o levantamento. A partir desses dados, nós vamos fazer um planejamento, pensando: tem necessidade de contratar uma agência? Se sim, vamos fazer uma nova licitação dentro do que a lei exige. Com bastante economia. Vamos fazer uma "raspa no tacho", com certeza.

Mas, à primeira vista, o senhor acha que é necessário?

Tenho que fazer essa avaliação. Preciso sentar com a equipe e com o novo diretor-geral. A partir desse momento fazer um planejamento e ver se é necessário. Sem uma avaliação mais profunda, vejo que a instituição precisa de uma agência para que ela divulgue as ações dessa Casa. Não do vereador, mas da instituição como um ente da cidade de Curitiba.

Outro ponto polêmico foi a ausência de um gestor nos contratos. O senhor pretende indicar gestores para os contratos vigentes na Câmara?

A novidade maior é que vai ter um diretor para coordenar tudo isso, e esse diretor vai estar diretamente ligado à minha pessoa. O planejamento vai ser elaborado junto com as diretorias e a Mesa Executiva. Não vai ser uma única pessoa que estará definindo, mas um colegiado, com um planejamento até o final do ano.

O primeiro desafio, aparentemente, é a exigência do Ministério Público (MP) de que o número de comissionados na Casa seja inferior ao de concursados. Como o senhor pretende lidar com essa situação?

São três pilares: equilíbrio, sabedoria e discernimento. É dessa forma que eu vou trabalhar. Sempre vendo passo a passo, analisando cada situação. Já solicitei uma agenda com o MP, com o Tribunal de Contas e também com o Tribunal de Justiça para fazer uma conversa entre essas instituições e realizar uma parceria, uma cooperação para todos esses assuntos.

A grande maioria desses comissionados está dentro dos gabinetes, mais de 350 funcionários. Os vereadores alegam que eles são necessários para o bom andamento dos trabalhos. Politicamente, é possível fazer essa redução?

Farei essa avaliação. A equipe vai se debruçar sobre esse problema para ver as necessidades e ajustar da melhor maneira possível. Temos aproximadamente 80 pessoas que fizeram concurso na lista de espera, que podem completar lacunas que tem na Casa. Isso já está sendo feito. São medidas passo a passo. Temos 60 dias para decidir como agir sobre esse processo.

Do seu ponto de vista, como foi o processo eleitoral da Câmara?

No dia que aconteceu a renúncia do Derosso, eu nem estava na Casa, mas lançaram meu nome. Eu cheguei na Câmara no dia seguinte e já era candidato. Fui pedir voto, mas dentro de um princípio de que existiam outras candidaturas mais expressivas dentro do processo. Eu sou um vereador de primeiro mandato, então, de direito, outros vereadores tinham uma possibilidade maior [de serem eleitos]. Mas, a partir de quando o partido fechou questão no meu nome, fui à luta, falar com os vereadores.

Como líder, o senhor se manteve distante da crise envolvendo Derosso. Por quê?

Durante todo o processo [a crise na Câmara após denúncias contra Derosso], preferia não dar entrevista, falar sobre assunto. Eu cuidei do processo legislativo, de cada vereador, dos projetos, das mensagens do prefeito, um papel bastante próximo do comando legislativo da Casa, para que a Casa e a cidade não parassem. Se eu me envolvesse e quisesse, como líder do governo, aproveitar o momento e fazer a mídia, fazer o nome do João em cima daquilo, eu ia estar comprometendo os vereadores e a Casa.

O senhor esperava ser eleito ainda nessa legislatura?

Cheguei à Casa em 2009. No primeiro ano, fiquei avaliando cada vereador, conquistando na conversa, na relação. No segundo, consegui a liderança do PSDB. No terceiro, meu plano era ser líder do governo, e consegui. A presidência não estava nos meus planos. Achava que ainda que estaria lutando para uma reeleição para, aí sim, disputar a presidência.

O senhor se destacou como líder do prefeito e tem uma relação bastante próxima de Luciano Ducci. Ao mesmo tempo, há quem considere a Câmara subordinada à Prefeitura. Como será a relação do Legislativo com o Executivo no seu mandato?

A Câmara é "subordinada" à Prefeitura porque os vereadores são comprometidos com a cidade. Aquilo que vem da Prefeitura para cá tem que ser votado rapidamente, porque são obras, são benefícios para a qualidade de vida do cidadão curitibano. Atuei com responsabilidade quando líder. Muitas vezes tive que trazer secretarias para dar explicações sobre as mensagens do prefeito até quatro vezes, coisa que não acontecia no passado. Dei a possibilidade de as pessoas verem a necessidade [do projeto] e que a proposta do prefeito era boa. Já o papel do presidente da Casa envolve uma relação política e institucional com o Executivo, mas busca a independência.

Nesses últimos tempos, houve um desgaste muito grande da imagem da Câmara e dos vereadores. O senhor acha que é possível melhorar essa imagem até às eleições?

Nós temos que tentar. Sou uma pessoa bastante otimista. Acredito que nós podemos fazer uma transformação. Não toda a transformação necessária, mas, pelo menos, dar o início. O tempo é muito curto. Você mudar o pensamento de um cidadão que está magoado, que votou em alguém em quem depositava esperança e não foi correspondido, leva tempo. Mas nós temos que trazer uma solução para isso.

Um dos principais problemas da Casa, no ano passado, foi o excesso de matérias a serem votadas no final do ano, quando diversos assuntos importantes (Lei Orgânica, Orçamento, Linha Verde, salário dos vereadores para 2013) foram colocados em pauta na mesma época. Foi um processo bastante desgastante. Como o senhor pretende lidar com a agenda da Casa?

É uma mecânica de planejamento. De repente, você tem uma diretriz e precisa, para atendê-la, elaborar um projeto. Você elaborou o projeto, tem que buscar recursos. Muitas vezes, todo esse processo acaba sendo moroso. Por exemplo, você tem necessidade de autorização do Senado Federal se vem um empréstimo através do Banco Mundial. Você quer trazer tudo para o início do ano, resolver tudo, mas são ações que você depende de outros entes. Por isso, as coisas acabam se acumulando no fim do ano. Deu trabalho para a Casa, que teve que fazer sessão extraordinária e tudo, mas são situações em que você tem que aceitar e dizer "temos que fazer e vamos fazer". Se é benefício para a cidade, a gente tem que se ter essa responsabilidade.

Derosso tinha planos de usar as sobras do orçamento para construir um novo prédio na Câmara, criando até um fundo para isso [a verba foi devolvida à Prefeitura]. O que o senhor pensa disso?

Preciso ter esses dados [do orçamento da Câmara], compreender esses dados e trabalhar esses dados. A partir daí, posso ter um plano de ação para a melhoria do prédio ou construção de um novo prédio. Minha maior preocupação agora está ali [aponta para o prédio histórico]. Temos que concluir o quanto antes. A previsão é para agosto, mas acho que podemos adiantar. O resto eu vou pôr na mesa, conversar com os diretores.

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