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Polícia não acompanhou o passeio do delator do mensalão pelas redondezas de sua casa | Diana Brito/Folhapress
Polícia não acompanhou o passeio do delator do mensalão pelas redondezas de sua casa| Foto: Diana Brito/Folhapress

Futebol

Ex-deputado estende bandeira do Botafogo na sacada durante jogo

Na tarde de ontem, o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do mensalão, estendeu a bandeira do Botafogo na sacada de sua casa, em Levy Gasparian, interior do Rio, durante partida do time contra o Fluminense.

"Me desculpem os tricolores e flamenguistas, mas é 1 a 0, Botafogo", gritou à imprensa. Em seguida, Jefferson voltou correndo para dentro de casa.

Por volta das 17h, uma equipe da Polícia Federal continuava em frente à casa do ex-deputado. Na sexta, o STF (Supremo Tribunal Federal) expediu o mandado de prisão contra Jefferson.

Deputados continuam com privilégios para fazer visitas

Passados os três primeiros meses de cumprimento das penas dos réus do mensalão, uma prática que estressou o sistema prisional e revoltou parentes e presos ainda persiste. Parlamentares continuam entrando no complexo da Papuda em condições especiais, à revelia da decisão judicial que proibiu visitas diferenciadas ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e aos outros réus detidos nas unidades da Papuda. A romaria vista nos primeiros dias de prisão — diante da fila de parentes à espera de uma senha para a visita — já não ocorre mais. Mas a regalia não teve fim. Pelo menos um deputado, o distrital Chico Vigilante (PT), confirmou que "pode adentrar a qualquer momento" na Papuda, por ser parlamentar.

  • Luiz Fuz: relator do processo será o primeiro a votar

Prestes a ser preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-de­putado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) publicou ontem em seu blog na internet uma despedida aos seus leitores. A mensagem foi publicada às 11h48, minutos depois de Jefferson ter chegado em casa, em Levy Gasparian, no interior do estado do Rio, de um passeio em sua moto Harley Davidson pelas redondezas.

A saída do ex-deputado durou cerca de três horas. Os agentes da Polícia Federal que fazem plantão no local desde a madrugada de sábado, não o acompanharam. "Estou desfrutando os momentos finais da minha liberdade. Quanto a vocês curtam a liberdade porque ela é o bem supremo da vida da gente" disse eles aos jornalistas que estavam no local.

Ao retornar, Jefferson foi surpreendido pelo comerciante Afonso Celso Dominguito de Castro, de 55 anos, que o esperava na rua para ser o primeiro doador na "vaquinha" lançada para ajudá-lo a quitar a multa de R$ 720 mil imposta pelo STF. Castro doou R$ 100 ao delator do mensalão. "Meus parabéns pela sua atitude. Quem ganhou foi o Brasil", disse o comerciante, destacando que apresentaria seu CPF. "Eu dou a cara pra eles, não estou me escondendo como eles", disse em referência as doações secretas. "Diferente dos petralhas." O ex-deputado convidou Castro para entrar em sua casa.

Jefferson foi condenado pelo STF a sete anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto no processo do mensalão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O STF prometeu enviar hoje à Polícia Federal o mandado de prisão contra Jefferson, para que ele possa ser conduzido a um presídio no Rio de Janeiro.

Supremo retoma a análise de embargos infringentes

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma esta semana a análise dos embargos infringentes do mensalão, que podem aliviar as penas de 12 réus, entre eles integrantes do chamado núcleo político do esquema. A partir de quarta-feira, os ministros da corte começam a proferir seus votos. A tendência no plenário, agora com composição distinta da primeira fase do julgamento, é que caiam as penas por formação de quadrilha, aplicadas a nove condenados cujos recursos foram admitidos.

O primeiro a votar é o relator, Luiz Fux, um dos que, na etapa inicial do julgamento, optaram pela condenação por formação de quadrilha, por entender que os réus se associaram de forma permanente para comprar votos no Congresso. Tiveram a mesma posição os ministros Marco Aurélio Mello, Celso de Mello, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa.

São dados como certos pela absolvição, no entanto, os votos de Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que já se posicionaram nesse sentido na primeira fase do julgamento. Os dois votos que podem mudar o resultado são de Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, que assumiram os cargos no STF depois.

Quando a corte julgou o processo do senador Ivo Cassol (PP-RO), os dois o absolveram por formação de quadrilha em discussão semelhante à agora posta no mensalão.

Caso caia o crime de formação de quadrilha, o ex-mi­nistro José Dirceu e o ex-te­soureiro do PT Delúbio Soares se livrariam do regime fechado, uma vez que as penas passariam a ser inferiores a oito anos. Mantendo-se no semiaberto, os dois asseguram a possibilidade de sair da prisão durante o dia para trabalhar, retornando para dormir. Delúbio já bate ponto na Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Brasília, e Dirceu aguarda análise de pedido para trabalhar em escritório de advocacia.

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