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CURITIBA e SÃO PAULO — A Operação Lava-Jato retornou ao local de início das investigações, o Paraná, para abrir uma nova frente de apuração, distante da Petrobras, agora chegando ao Ministério da Saúde e à Caixa Econômica Federal. Na 11ª fase da operação, intitulada “A Origem” — nomeada assim por ter voltado ao estado —, foi desarticulado um esquema que desviava dinheiro de contratos de agência de publicidade para políticos. Ricardo Hoffman, dono da agência Borghi/Lowe, tinha contas com a Caixa e Ministério, e supostamente operava esquema semelhante ao do mensalão, com repasse de bônus de volume a políticos.

A agência subcontratava outras empresas para prestar serviço ao banco e ao ministério. Duas das empresas que foram beneficiadas pertenciam ao deputado cassado do PT André Vargas e ao seu irmão, Leon Vargas. Os dois foram presos na manhã desta sexta-feira. Os valores ainda não foram divulgados. Segundo o delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, Vargas, por influência desde a época que era vice-presidente da Câmara, conseguiu para a Borghi (agência comandada por Ricardo Hoffmann) contratos da Caixa e do Ministério da Saúde.

— A praxe do mercado é a devolução dos 10% de bônus para a empresa que fez as subcontratações. Neste caso, o pagamento pela influência de Vargas na escolha da Borghi era que os 10% fossem pagos para as empresas de fachada dos irmãos Vargas. O bônus não voltava para Borghi, ia para as empresas do André e Leon - detalha o delegado.

Participam também da operação 12 servidores da Receita Federal. De acordo com a Receita, produtoras de filme e uma grande empresa de comunicação, com sede em São Paulo, com filial em Brasília, estão envolvidas. A Receita diz que houve pagamentos por supostas prestações de serviços que na realidade não existiram, beneficiando pelo menos duas empresas de fachada ligadas aos principais investigados, as quais teriam recebido valores – a título de supostas bonificações ou comissões sobre veiculações - de produtoras de filmes publicitários.

Pelo menos cinco conhecidas empresas nacionais produtoras de filmes, embora tenham contabilizado os pagamentos, negaram à fiscalização da Receita Federal a ocorrência de qualquer prestação de serviço por parte das duas empresas de fachada. Tais produtoras foram subcontratadas por uma grande empresa de comunicação, publicidade e propaganda, sediada em São Paulo e com filial no Distrito Federal, a qual mantém vários contratos de valores expressivos com entes públicos federais.

A Polícia Federal apreendeu na agência de publicidade Borghi/Lowe, em Brasília, documentos relacionados às faturas dessa empresa, em contratos com o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal. Há faturas também envolvendo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). Além dessa busca e apreensão, a PF cumpriu três mandados de condução coercitiva e uma de prisão temporária. Este último será levado para Curitiba (PR). Não houve busca e apreensão no ministério, na Caixa e nem na Apex. As três pessoas levadas à superintendência da PF, e que prestam depoimento neste momento, também não tem relação com esses órgãos públicos.

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