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Dois importantes interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deram sinais claros nesta sexta-feira de que a reforma ministerial e a formação completa do novo governo deve ficar para 2007.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmaram que Lula não tem pressa em definir o novo ministério e que só o fará após formar um governo de coalizão ou até mesmo depois da eleição para a presidência da Câmara e do Senado, em fevereiro.

Lula vai iniciar na próxima semana as negociações formais com os partidos para costurar um governo de coalizão e quer criar um Conselho Político com os presidentes das legendas. Só depois de fechar a coalizão reformaria o ministério.

``Depois de estabelecer os objetivos da coalizão, o presidente vai definir o perfil do ministério que vai encaminhar o programa político e garantir respaldo no Congresso'', disse Tarso a jornalistas.

De acordo com o ministro, Lula já informou aos aliados que não tem pressa em formar uma nova equipe e pode inaugurar o novo mandato, em 1o de janeiro, sem ter feito todas as mudanças.

``O presidente pode perfeitamente tomar posse em janeiro com alguns ministros confirmados e outros podendo ser substituídos'', afirmou Tarso.

Renan Calheiros, que se reuniu nesta sexta-feira com Lula juntamente com o senador José Sarney (PMDB-AP), confirmou o ritmo que Lula vem dando à formação do novo governo.

``O presidente não está com prazo... ele deixou claro que a coalizão requer a criação de um ambiente político mais harmônico entre os partidos'', comentou Renan com jornalistas, após o encontro.

O tempo da reforma ministerial é, principalmente, o tempo da sucessão na Câmara e no Senado. O presidente quer com essa fórmula testar uma espécie de base aliada provisória nos próximos meses e só bater o martelo após o resultado da disputa pelas mesas diretoras do Parlamento, o que poderia arrastar as mudanças na equipe até março do ano que vem.

Lula tem manifestado sua vontade de ver a dobradinha Renan-Aldo Rebelo (presidente da Câmara, do PCdoB) se repetir na próxima legislatura, mas tem obstáculos a ultrapassar. O primeiro é convencer o PMDB a abrir mão de lançar candidato à presidência da Câmara. O segundo, aparentemente mais fácil, é demover o PT da idéia de fazer o mesmo.

Conselho Político

Segundo Tarso Genro, a proposta de coalizão conta com o apoio do PT, PSB e PCdoB, tem ``a simpatia'' do PMDB, PDT e PV e ''pode ser discutida'' com PL e PP.

``Os partidos da coalizão terão assento no conselho político, mas isso não impede que outros partidos ocupem posições no ministério'', acrescentou Tarso.

O ministro não entrou em detalhes sobre essa fórmula, mas ela permitiria, por exemplo, a manutenção do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, do PTB, sem implicar na participação do presidente do partido, ex-deputado Roberto Jefferson, no Conselho Político.

A fórmula do Conselho Político também atende a uma reivindicação de Renan Calheiros de que o PMDB tenha espaço nas decisões estratégicas do governo e não apenas participação no ministério.

Lula disse a Renan e Sarney que tem o PMDB como aliado fundamental à governabilidade, mas deseja o embarque de todas as correntes internas do partido para fechar a coalizão.

Com muitas lideranças, o PMDB é historicamente dividido em suas posições políticas e algumas de suas alas apresentam resistência em aderir a uma aliança ampla. Uma delas é a de contemplar setores até agora na oposição, como o do presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), sem ferir os brios de tradicionais interlocutores do governo.

Lula receberá Temer na próxima quarta-feira, sem deixar de manter a interlocução com seus maiores aliados no partido, Renan e Sarney.

``A vida imita a arte e a política também. Você nunca vai ter unanimidade, pois a unanimidade é burra, mas é preciso criar um clima político favorável e aproximar correntes'', reconheceu Renan.

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