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Aldo Rebelo: promessa do novo ministro é que manterá a independência em relação à CBF e às empresas | Marcelo Camargo/Folhapress
Aldo Rebelo: promessa do novo ministro é que manterá a independência em relação à CBF e às empresas| Foto: Marcelo Camargo/Folhapress

Trajetória

Aldo Rebelo começou sua carreira como líder estudantil.

Origens

Aldo Rebelo nasceu em Viçosa (Alagoas) em 1956. Transferiu-se para São Paulo já quando era líder estudantil. Em 1977 passou a integrar a direção do PCdoB. Voltou a Alagoas em 1978 e trabalhou como jornalista.

UNE

Em 1980, foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Como o PCdoB permanecia ilegal, filiou-se ao PMDB de São Paulo nesse mesmo ano.

Eleições

Em 1982, disputou a Câmara dos Deputados pelo PMDB, sem êxito. Em 1985, com a legalização do PCdoB, filiou-se ao partido. Em 1988 foi eleito vereador paulistano. Em 1990, foi eleito deputado federal.

1º ministério

Reeleito em 2002, tornou-se líder do governo Lula na Câmara em 2003 e ministro da Coordenação Política em 2004.

Presidência da Câmara

Voltou à Câmara em 2005. Com o apoio de Lula, foi eleito presidente da Casa em setembro e ajudou a contornar a crise do mensalão e livrar Lula do risco de impeachment.

Derrotas

Reeleito em 2006, Lula apoiou Arlindo Chinaglia (PT) para presidir a Câmara, que venceu Aldo. O comunista criticou ministros por usaram a máquina contra ele. Voltou a disputar a presidência da Câmara em 2009. Teve 76 votos e perdeu para Michel Temer (PMDB) – este apoiado por Lula.

Comunista ruralista

Designado relator do projeto sobre o Código Florestal, Aldo alinhou-se aos ruralistas. Seu projeto do Código Florestal foi aprovado na Câmara, deixando Planalto contrariado.

TCU

Em setembro, perdeu a eleição para ministro do TCU para a ex-deputada Ana Arraes (PSB).

Aldo anuncia demissões e fim de contratos com ONGs

Em suas primeiras declarações públicas, o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), procurou demarcar diferenças no estilo de gestão em relação a seu antecessor, Orlando Silva. Disse que não pretende firmar novos convênios com organizações não governamentais (ONGs) – por meio das quais ocorria o suposto esquema de desvio no ministério. E disse que irá demitir altos dirigentes da pasta para escolher nomes de sua confiança.

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Escolhido ontem pela presidente Dilma Rousseff para ser o novo ministro do Esporte, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) assume o cargo sob críticas. Ele mantém estreita proximidade com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e recebeu doações eleitorais de patrocinadores da Con­­federação Brasileira de Futebol e de empreiteiras com interesse na Copa de 2014. Além disso, ele também foi criticado por ser do mesmo partido de Orlando Silva, demitido na quarta-feira devido a acusações de participar de um suposto esquema de desvio de dinheiro que abasteceria o caixa do PCdoB.O novo ministro deverá ser o principal gestor governamental da Copa. Suas relações com o dirigente esportivo e com as empresas ligadas à Copa foi interpretado como um sinal de que o governo estaria tentando selar a paz com a CBF e com a Fifa – e ao mesmo tempo aceitar imposições para a realização do Mundial.

Da água para o vinho

Ricardo Teixeira foi investigado pela CPI da CBF/Nike, presidida por Aldo entre 2000 e 2001. A CPI apurou suspeitas de irregularidades no contrato firmado entre a CBF e a fornecedora de material esportivo. Aldo, à época, era um crítico do presidente da CBF. A CPI acabou em junho de 2001 sem a votação de um relatório final que poderia embasar uma investigação do Ministério Público sobre o caso. Isso ocorreu em função do trabalho desenvolvido por parlamentares ligados a dirigentes do futebol, a chamada "bancada da bola".

Mas Aldo, apesar de sua atuação na CPI, com o passar dos anos se tornou um dos principais interlocutores de Ricardo Teixeira no Congres­­so. A escolha dele para o ministério teria sido motivada por essa proximidade. A presidente Dilma não tem o mesmo grau de diálogo com a CBF como tinha o ex-presidente Lula. E Orlando Silva, antes considerado um "aliado" de Teixeira e da Fifa, já havia vi­­­­­­­ra­­­do persona non grata entre os dirigentes esportivos por supos­­­tamen­­te não atender as demandas da Federação Inter­­­nacional de Futebol e da Con­­­fede­­ração Brasilei­­ra.

No novo posto, Aldo Rebelo terá de negociar com a Fifa e com o Comitê Organizador da Copa, comandado por Teixeira, detalhes do Mundial de 2014, como a Lei Geral da Copa, que tramita no Congresso. O projeto de lei, que estabelece normas como preço de ingressos e proteção às marcas de patrocinadores, é alvo de uma queda de braço entre o governo e a Fifa, que quer a suspensão durante o torneio de leis que garantem meia-entrada a estudantes e que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios.

Ontem, em sua primeira entrevista como ministro, Aldo já sinalizou que o governo não pretende enfrentar a Fifa e exigir a manutenção da legislação nacional. Ele disse ser pessoalmente favorável a conceder a meia-entrada para estudantes durante a Copa, mas afirmou que vai defender a aprovação do projeto da Lei Geral da forma como foi enviado pelo Planalto. O governo federal optou por não tratar do tema e deixar a Fifa negociar diretamente com estados e municípios sobre esse assunto e sobre a bebida dentro de estádios. Apenas o direito à meia-en­­trada para idosos estaria garantido por ser lei federal. Aldo assegurou que sua relação com a Fifa e a CBF será de "independência".

Doações eleitorais

Aldo também foi criticado por ter recebido doações eleitorais de três dos dez patrocinadores da CBF. Foram R$ 50 mil do banco Itaú/Unibanco; R$ 25 mil da Fratelli Vita Bebidas (que pertence à Ambev); e R$ 80 mil da Companhia Brasileira de Distribuição, que controla o Grupo Pão de Açúcar.

O novo ministro recebeu ainda dinheiro de empreiteiras envolvidas na construção de estádios da Copa. No ano passado, a Mendes Júnior, que participa da obra da arena de Cuiabá (MT), doou R$ 100 mil a Aldo. Em 2006, o deputado havia recebido R$ 40 mil de uma empresa do grupo Odebrecht, que está a frente de obras de outros quatro estádios do evento.

Sobre as doações, Aldo adotou o mesmo discurso a respeito de sua relação com a CBF e a Fifa: disse que isso não irá afetar sua independência. "Não tem problema nenhum um banco ou uma empresa dessa anunciar em rádio, tevê e jornal, ser parceiro da CBF e da Fifa. E, se houve qualquer contribuição [eleitoral], pode ser que tenha. Mas não atingiu e não atingirá de qualquer forma a minha independência."

Mesmo partido

Uma terceira crítica a Aldo foi a de que ele, por ser do mesmo PCdoB de Orlando Silva, poderá manter o suposto esquema de corrupção no ministério. Aldo, por sinal, se en­­­controu ontem com o ex-ministro para tomar conhecimento da pasta. "A presidente [Dilma] escolheu manter o mesmo modelo de promiscuidade que deu origem a todo esse escândalo", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR). O novo ministro, porém, anunciou que as denúncias de irregularidades na pasta serão apuradas.

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