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O telejornal 'Bom Dia Brasil', da TV Globo, exibiu nesta terça-feira novos trechos de gravação de escuta telefônica realizada pela Operação Hurricane que comprometem a juíza Sônia Maria Leite Machado, titular da 4.ª Vara de Família de São Gonçalo. Ela aparece conversando com o policial civil Marco Antônio dos Santos Bretas, o Marcão, apontado como intermediário de propinas pagas pela máfia dos bingos e dos caça-níqueis.

De acordo com a gravação, a juíza liga para cobrar dinheiro que teria sido prometido. Marcão diz que vai procurar saber.

MARCÃO

- Pra sábado, hoje eu vou saber.

JUÍZA

- Ah, então tá. Então depois você me diz porque eu quero ver se ponho alguma coisica ali para eu chegar aos meus dez mil faltantes.

MARCÃO

- Tá ok, então.

No dia seguinte, Marcão fala com outra pessoa, identificada apenas como Francisco, sobre as cobranças da juíza.

MARCÃO

- Me diz uma coisa: o cara lá da doutora ligou?

FRANCISCO

- Já ligou, já ligou, entendeu? Estou chegando agora no escritório, entendeu?

MARCÃO

- Tá tranqüilo. Ela está indócil, ela está indócil.

Um dia depois, a juíza volta a falar com Marcão:

JUÍZA

- E aí, soube de alguma coisa? Existe uma possibilidade de arrumar esse empréstimo?

MARCÃO

- É, acredito eu que ... do tio Chico? O tio Chico?

JUÍZA

- É, é, empréstimo sem devolução.

MARCÃO

- Tio Chico falou que sim.

Juiza nega

Por intermédio da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a juiza disse que nunca aceitou propina nem tomou decisão a favor da máfia dos bingos e caça-níqueis. Mas, de acordo com as investigações, ela recebia dinheiro da quadrilha todo mês. Os pagamentos mensais, segundo as transcrições do relatório da PF analisadas pelo jornal 'O Globo', seriam feitos, inclusive, na conta bancária do pai da magistrada.

"Chegou assim, chegou na hora de Deus"

A juíza conheceu Marcão quando atuava na 1ª Vara Criminal de Bangu, na Zona Oeste, em 2000. Procurada pelo GLOBO, a juíza Sônia Maria informou através da assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça ter mantido uma "relação de amizade" com Marcão, mas que não tinha conhecimento da ligação do policial com a máfia dos bingos. A magistrada afirma nunca ter proferido decisão em favor de bingos. Em licença médica desde quinta-feira, Sônia garante estar sendo vítima de um mal-entendido.

O jornal 'O Globo' já publicara trechos de conversa entre a juíza e Marcão, interceptada em 16 de outubro passado. No trecho, o policial diz: "Você tem que apanhar 'um' comigo". "Ponha na do meu pai", diz Sônia, orientando Marcão, de acordo com o relatório, a fazer o depósito na conta-corrente do seu pai (leia também: policiais gravados recebendo propina continuam na ativa ).

Provavelmente preocupado com uma eventual escuta, Marcão é cauteloso: "Tá, nesse telefone aqui eu não quero que você me dê o número da conta agora não, vou ver se te ligo de outro, pra você me dar a conta. Vou botar na do teu pai que eu acho que a Fátima tem", diz ele. A juíza acrescenta: "Se você não conseguir, você me liga então, porque aí eu te passo... Tá bom. Chegou assim, chegou na hora de Deus".

Num outro telefonema que foi gravado, Marcão conversa com a secretária da juíza, identificada no documento apenas como Fátima, que lhe informa o número da conta em que o depósito deverá ser feito. Nas conversas transcritas no relatório da investigação da Polícia Federal, Marcão não faz referência aos valores supostamente pagos à juíza.

- Não gosto de bandidos. Fui muito elogiada no TJ pelo trabalho desenvolvido em Bangu, mas isso não teve repercussão. Fico incomodada por ter meu nome envolvido nessa história - defendeu-se a magistrada.

Sônia foi transferida da 1ª Vara de Bangu no fim de 2002, quando foi para a Vara de Família da Pavuna e, depois, para a de São Gonçalo.

Apesar de a juíza negar envolvimento com a máfia, a Polícia Federal tem certeza da participação dela e quer descobrir agora como era exatamente a atuação de Sônia Machado no esquema.

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