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Legislativo

O ano que só começa depois do carnaval

Cidadãos encontram portões fechados na Assembléia Legislativa e na Câmara de Curitiba

O cidadão desavisado que foi à Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal de Curitiba na Quarta-Feira de Cinzas deu com o nariz na porta. Ao contrário de quase todos os órgãos do governo do estado e da prefeitura, ambas estiveram fechadas. E não foram apenas os vereadores e deputados estaduais que tiveram o dia para recompor as energias gastas no carnaval. Com os portões trancados, foi cancelado o expediente para assessores parlamentares e funcionários administrativos.

A folga ocorreu em uma data que não é feriado oficial, mas nem por isso significará economia para o bolso dos contribuintes. Ou seja, o descanso será remunerado. "Na época de eleições, todo o candidato trabalha sábado, domingo e dia santo pedindo voto. Depois que o cara se elege, aí é outra história", desabafa o comerciante Luiz Antônio Venâncio.

Ele é dono de uma loja que vende máquinas de costura na Rua Barão do Rio Branco, a 30 metros da Câmara de Curitiba. Ao contrário dos vizinhos que ocupam cargo público, teve trabalho desde o começo da tarde. "Aqui a gente não pára, assim como todo mundo. É só dar uma espiada." Na frente do seu negócio, também estavam abertas uma loja de livros usados e outra de motos.

Às 15h15, um assessor parlamentar do vereador Tito Zeglin (PDT) tentou entrar no gabinete do chefe. Queria colocar as tarefas em dia, mas foi barrado pelo único segurança que cuidava do prédio. "Tenho coisas para fazer e o duro é ficar para fora, perder a viagem." O assessor preferiu não se identificar à reportagem, segundo ele, para "não criar caso". "Até sei que estou com a razão de ter vindo trabalhar, mas vai pegar mal com os colegas", justificou.

Ele permaneceu alguns minutos na frente da Câmara, debaixo de chuva, até que encontrou um companheiro de espera, professor de inglês da rede estadual de ensino. O professor só volta às aulas hoje pela manhã e aproveitou a tarde de ontem para distribuir convites para um seminário sobre segurança do trabalho. A meta era apenas distribuir os papéis sobre o evento, que ocorre em março, pelos gabinetes dos parlamentares.

O trajeto dele começou às 14h40 na Assembléia. Encontrou o prédio, incluindo o estacionamento, às moscas. Ao lado, no Palácio Iguaçu, pessoas trabalhavam normalmente. Assim como o assessor parlamentar, foi barrado por um segurança, que trabalha para uma empresa terceirizada. "Neste mês tem só três sessões, é bom se informar direitinho", disse o guarda, de dentro da guarita coberta.

O professor, já molhado, deu meia-volta e foi para a Câmara. "Para lá eu já liguei e sei que pelo menos tem gente", disse, com a certeza de que poderia passar pelos gabinetes dos vereadores. Quinze minutos depois, descobriu que a informação estava errada.

Na Câmara, porém, ao menos descobriu que poderia voltar hoje, quando o atendimento volta ao normal. Na Assembléia, expediente só na próxima segunda-feira. Em ambas as casas, as votações tomarão três dias da próxima semana. Serão as primeiras de 2007. Prova de que, em ambos os casos, o ano vai mesmo começar só depois do carnaval.

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