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 | Marcelo Camargo/Agência Brasil
| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em entrevista ao GLOBO, o senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG) diz que seu partido deve ficar ao lado do PMDB caso haja compromisso com a Lava Jato, as reformas política e da Previdência e o enxugamento da máquina pública. Como o partido foi fundamental para a aprovação do processo de impeachment na Câmara, líderes tucanos avaliam que têm a “responsabilidade” de apoiar um eventual governo Temer, mas se preocupam em não trair sua própria agenda para manter a viabilidade de uma candidatura própria em 2018.

Com qual cenário o PSDB trabalha a partir dessa segunda-feira?

A opção por novas eleições sempre foi a melhor para a oposição. Isso legitimaria um novo governo, e não desistimos disso. Mas não temos o controle temporal do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE, que vai julgar quatro processos de cassação da chapa Dilma/Temer), e o Brasil exige urgência. Portanto, chegamos a uma convergência de todo o PSDB sobre a necessidade de apoiar um governo de transição com o PMDB.

O PSDB está mudando de lado?

Não estamos mudando de lado. Não seremos beneficiários da suspensão do mandato da presidente Dilma. O beneficiário será o PMDB, que governará sem votos. Mas nossa responsabilidade agora é com o Brasil. Esse não será um governo do PSDB e não desistimos de nosso projeto de chegar ao Planalto em 2018 através do voto. Vamos apoiar um projeto de reconstrução nacional, mas não estaremos mudando de lado. Se o Michel (Temer, vice-presidente) mostrar que representa algo diferente do que foi o PT, ele é quem estará mudando de lado. Quem dará uma guinada é o Michel e o PMDB. Como as montanhas de Minas, estaremos onde sempre estivemos: na oposição.

Há dilema em participar ou não do eventual ministério de Michel Temer? Vocês seriam copatrocinadores de medidas duras de ajuste fiscal e reformas em que o PT vai bater pesado.

Participar ou não com cargos não é um dilema para o PSDB. Como eu disse, daremos apoio para as reformas necessárias, mas esse não será um governo do PSDB. Tudo vai depender do Michel. Iniciei uma série de consultas internas e vou passar ao Michel um conjunto de medidas que são o sentimento do partido. A primeira medida é apoio absoluto à continuidade das investigações da Lava-Jato. O documento vai abordar uma agenda de reformas emergencial: reforma política para reduzir o número de partidos e melhorar a governabilidade; profunda reforma do estado para desaparelhar e blindar órgãos estratégicos; redução dos ministérios à metade; modernização da legislação trabalhista; reforma da Previdência; despolitização ideológica da nossa política externa, que tanto mal fez às nossas relações.

A associação com o PMDB, que tem Eduardo Cunha, pode trazer desgaste?

Não estamos apoiando o PMDB nem figuras de forma individualizada. O apoio do PSDB é a um projeto para salvar o Brasil. Isso pode ter um custo para nós? Pode, mas são custos que terão que ser enfrentados.

Essa avaliação do risco de embarcar nesse projeto, com possível efeito negativo em 2018, foi feita entre os dirigentes do PSDB?

É um risco. Mas digo sempre que podem contar comigo para correr riscos. Para aventuras, não. Se essas propostas forem encampadas, será o começo do resgate do país.

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