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Dilma Rousseff e Aécio Neves: adversários prestaram homenagens a Eduardo Campos | Ricardo Moraes / Brazil-Elections/Silva
Dilma Rousseff e Aécio Neves: adversários prestaram homenagens a Eduardo Campos| Foto: Ricardo Moraes / Brazil-Elections/Silva

Clima eleitoral

Dilma e Lula recebem vaias; tucano diz que foi "ato de minoria"

Agências Estado e O Globo

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram vaiados na manhã de ontem ao chegarem ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, para o velório de Eduardo Campos, que se tornou adversário dos dois no ano passado, quando decidiu disputar a Presidência. Após as vaias, alguém puxou aplausos e o público acompanhou. Pessoas na plateia gritaram o nome de Campos.

O senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista, minimizou as vaias à presidente. "Vaiar em velório é ruim. Pelo que ouvi foi coisa de uma minoria de militantes mais aguerrida. Não vejo maiores consequências políticas", disse, antecipando que a campanha presidencial do PSDB deve ser retomada nesta semana.

Já o presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), disse que as vaias à presidente Dilma Rousseff no velório de Eduardo Campos refletem a indignação da população. "O povo está indignado. Pediram até para tirar a coroa de flores (enviada por Dilma)", afirmou.

Medalhas

Cinco medalhinhas que podem ser do ex-governador Eduardo Campos foram encontradas em Santos no sábado. A desco­berta foi feita por um pedreiro. O prefeito Paulo Alexandre Barbosa enviou as medalhas para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que as entregou à família no velório.

Opinião

Petistas e tucanos foram sinceros na despedida do adversário

Guilherme Voitch, enviado especial ao Recife

Não se deve duvidar das sinceras intenções de políticos petistas e tucanos presentes ontem no velório de Eduardo Campos. Lula e Campos eram amigos, apesar do estremecimento recente. Aécio Neves e o socialista também eram próximos. Mesmo com a presidente Dilma Rousseff, a relação era de adversário, não de inimigo. Campos era um político capaz de estabelecer pontes. Conciliador e bem humorado, sua morte chocou, de fato, a classe política brasileira.

Passado o luto, porém, a diplomacia dará lugar à batalha. No âmbito local, já se fala em novo fôlego para a candidatura de Paulo Câmara, ex-secretário de estado do governo Campos.

Nacionalmente, PT e PSDB tentam quantificar o efeito emocional da morte de Campos em número de votos. De alguma forma, as duas campanhas tentarão desconstruir Marina, sem arranhar a imagem de Campos. Uma nova eleição começa hoje.

O caixão com os restos mortais do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos foi colocado no jazigo da família ontem pouco depois das seis da tarde, pondo fim a um dia inteiro de homenagens que reuniu pelo menos 130 mil pessoas em Recife. Além dos populares, que compareceram em peso para se despedir do político mais influente do estado em décadas, o funeral teve a presença da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, do senador Aécio Neves e de Marina Silva – todos os principais nomes da disputa presidencial deste ano.

Campos morreu aos 49 anos na última quarta-feira em um acidente aéreo no litoral paulista. Ontem, após a liberação dos corpos pelo Instituto Médico Legal, os corpos das sete vítimas começaram a ser sepultados em Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe e Paraná. Um dos pilotos do avião foi enterrado em Maringá (veja abaixo).

Durante o velório, os adversários fizeram questão de demonstrar apreço por Campos. Aécio Neves, afirmou que não via um "projeto de novo Brasil" em que ele e Eduardo Campos não estivessem juntos. "Nunca imaginei construir um projeto de um Brasil novo, independentemente de posições em que estivéssemos, em que não estivéssemos juntos. Todas nossas conversas apontavam nessa direção".

Lula, de quem Campos foi ministro, fez questão de abraçar a ex-senadora Marina Silva, vice na chapa do PSB e que deve ser lançada oficialmente como candidata do partido nesta quarta-feira. Também conversou com a viúva e pegou no colo o filho mais novo de Eduardo Campos. Dilma Rousseff e Lula também foram os primeiros a cumprimentar Renata Campos após o fim da missa realizada em Recife.

População

Uma estrutura metálica foi construída em frente ao Palácio Campo das Princesas, sede do Executivo estadual, para abrigar os caixões com os corpos de Campos, do assessor de imprensa Carlos Percol e do fotógrafo da campanha, Alexandre Severo. Por exigência da viúva, os caixões ficaram próximos a um corredor que permitia que populares prestassem suas homenagens.

Por volta de 11h30 de domingo, a fila era de três quilômetros. A estudante Mariana Tamires, 19 anos, veio com a tia Cristiana Quirino, 41, de Ibimirim, distante 325 km de Recife, para acompanhar a cerimônia. Elas saíram de Ibimirim antes das 5h da madrugada e chegaram à frente do Palácio às 9h. Por volta das 11h30, elas ainda estavam bem distantes dos caixões. "Chegamos a já entramos na fila. Ele era um político diferente e honesto. Ia fazer muito pelo Brasil. Vale a pena esperar aqui", disse Mariana.

A aposentada Eliana Béco, 61 anos, moradora do Recife preferiu não enfrentar a fila. Desde 8h ela acompanhava a missa celebrada pelo arcebispo de Recife, Fernando Saburido, em frente ao Palácio, na Praça da República. "Parece que é um filho que morreu. Gostava muito dele. Fez muito por nós." Várias faixas lembravam a frase dita por Campos na noite anterior à sua morte, no Jornal Nacional, pedindo que as pessoas não desistissem do Brasil.

Piloto é sepultado em Maringá

O corpo do piloto Marcos Martins, 42 anos, foi sepultado no Cemitério Municipal de Maringá, às 12h30 de ontem sob aplausos de amigos e parentes. Martins conduzia a aeronave que caiu em Santos na manhã de quarta-feira. O velório começou no sábado, logo após o caixão chegar à cidade por volta das 20h30, levado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Abalada, a mulher do piloto, Flavia Martins, disse apenas que o marido não se queixava de cansaço, e que estava feliz em acompanhar o presidenciável. "Ele amava o que fazia", disse. Ao lado dela, o irmão de Marcos, Marcio Martins, que também é piloto, pontuou que a experiência do irmão era vasta. "Ele tinha o avião na ponta dos dedos. A empresa que o contratou também contratou a experiência."

Sobre a causa do acidente, o irmão disse que ainda é cedo até mesmo para levantar hipóteses e se disse surpreso pela falta de registro da gravação da caixa-preta do avião. "Não é comum [não haver gravação] e sem ela não tem como apontar nada. Portanto, a investigação deve seguir em sigilo e só saberemos a causa dentro de dois, três anos", lamenta.

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