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Eduardo Sciarra : nos próximos dias, haverá reunião do secretariado para traçar objetivos da gestão | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Eduardo Sciarra : nos próximos dias, haverá reunião do secretariado para traçar objetivos da gestão| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Engenheiro civil e empresário, o londrinense Eduardo Sciarra (PSD) fez uma escolha pouco usual para o padrão dos políticos. Depois de cavar espaço e conquistar certo trânsito em Brasília ao longo de três mandatos como deputado federal, abriu mão de disputar mais uma reeleição. O desafio que agora terá pela frente, porém, deverá ser ainda mais difícil do que a decisão de desistir dos cargos eletivos. Como chefe da Casa Civil do governo do Paraná, Sciarra precisará coordenar politicamente uma administração com 17 partidos aliados, sempre sedentos por mais espaço. E tentará fazer o meio de campo no estremecido relacionamento com o governo federal, tachado de discriminatório pelo governador Beto Richa (PSDB). "Temos a convicção de que essa relação tem que ser institucional, até porque o Paraná faz por merecer um tratamento proporcional àquilo que representa para o país."

O que foi fundamental para que o governador o convidasse para a Casa Civil?

Minha relação política com o governador vem de muito tempo, desde que ele foi candidato a vice-prefeito de Curitiba em 2000 e de quando se candidatou a governador pela primeira vez, em 2002 – época da minha primeira eleição de deputado. De lá para cá, estivemos na mesma trincheira. Ao não ser candidato nessas eleições, recebi o convite para coordenar a campanha dele e tivemos um estreitamento no nosso relacionamento. E o governador entendeu que eu poderia ajudar no segundo governo.

Por que o sr. não disputou a reeleição? Foi uma decisão pessoal, familiar, que já tinha tomado há dois anos, de não pleitear mais um mandato. Então, me envolvi na campanha do governador no intuito de ajudá-lo e veio o convite para a Casa Civil. Estou muito animado com essa nova tarefa.

A costura político-partidária pesou na sua escolha? Dezessete partidos apoiaram o governador. Não tem espaço para o loteamento político [de todos], mas evidentemente o peso do PSD tem de ser levado em consideração. Mas esse é um cargo de extrema confiança, é uma questão pessoal do governador. Estou disposto a contribuir e a colaborar para ele fazer um ótimo governo.

Depois de três mandatos como deputado federal e de adquirir um bom trânsito em Brasília, o sr. terá a missão de intermediar o diálogo entre o estado e o governo federal? Ainda mais que o presidente do seu partido, Gilberto Kassab, é o ministro das Cidades. Entre as funções da Casa Civil, está fazer a coordenação política do governo. Isso envolve a relação com a Assembleia, de quem eu pretendo estar muito próximo e presente. E evidentemente, pelo trânsito que tenho em Brasília ao longo de 12 anos como deputado e pela proximidade com o Kassab, que terá um espaço importante no governo federal, tenho condições de fazer essa articulação com a União. Mas há mais pessoas que poderão fazer esse trabalho. Além disso, tem todo o trabalho da coordenação das ações do governo, que faremos em conjunto com a Secretaria de Planejamento.

O sr. esteve em Brasília nos últimos 12 anos. Agora, passadas as acusações da campanha eleitoral, é possível avaliar se houve ou não discriminação do governo federal com o Paraná no 1.º mandato de Beto Richa? O Paraná tinha três ministros e, pela proximidade do período eleitoral, essas questões se acirraram, sobretudo porque a senadora Gleisi Hoffmann também era candidata. Nesse momento, iniciado um novo governo, temos a convicção de que essa relação tem que ser institucional, até porque o Paraná faz por merecer um tratamento proporcional àquilo que representa para o país. Os canais têm de ser azeitados. Um dos meus papéis é ajudar a fazer esse trabalho, sempre em benefício dos paranaenses.

Como se dará o trabalho entre a Casa Civil e o Planejamento na coordenação do governo? Pretendemos fazer um governo de muita coesão entre os secretários. Terei uma relação muito estreita com o secretário Silvio Barros [do Planejamento]. Muitas das ações do governo passarão pelas duas pastas. Mas essa relação não será só com ele. O primordial é que todos caminhem com o mesmo objetivo de ajudar o Beto a fazer um bom governo.

Quando assumiu a Casa Civil em 2013, o deputado federal Reinhold Stephanes disse que os dados dos contratos de gestão de cada secretaria eram inconsistentes e não era possível estabelecer quais metas haviam sido cumpridas ou não. Esse mecanismo será mantido no segundo mandato? Temos um novo momento no governo. Já há algum balizamento dado pelos decretos assinados no dia 1.º de janeiro, que fazem com que várias ações do governo sejam integradas. Sempre gostei de trabalhar em equipe, e vamos executar ao máximo essa característica. Na semana que vem, teremos a 1.ª reunião do secretariado com o governador para traçar esses objetivos e, daí sim, poder ter algo para ser divulgado à sociedade.

O governo do estado enfrenta graves problemas de caixa. O que será preciso fazer para tentar superá-los? O Paraná tem uma situação que não é diferente de todo o Brasil. Temos uma crise iminente, com perda de arrecadação e devido ao momento difícil que atravessa a própria União. Todo e qualquer governo tem o crescimento vegetativo da sua despesa e isso precisa ser equacionado. Por meio de alguns decretos do dia 1.º, estamos fazendo esse controle junto com o secretário Mauro Ricardo Costa [da Fazenda], para que o estado possa voltar a ter capacidade de investimento. Isso é fundamental para o Paraná fazer obras de infraestrutura, saúde, segurança, educação, ação social.

Antes de o sr. ser anunciado como secretário da Casa Civil, nos bastidores se dizia que havia uma disputa com o chefe de gabinete do governador, Deonilson Roldo. Como é a relação entre os senhores? Tenho um ótimo relacionamento com o Deonilson. Estamos afinados e sintonizados para que cada um na sua área ajude o governo neste momento. Não há dificuldade nenhuma entre nós, sempre tive uma amizade pessoal com ele.

A vice-governadora Cida Borghetti (Pros) e o secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSC), não escondem o desejo de disputar o governo em 2018. Como o sr. pretende agir para que essa possível disputa não interfira nas ações do Executivo até lá? Estamos focados em fazer uma boa gestão e obter um bom resultado para o governador. O ano de 2018 ainda está muito distante. Isso será tratado sob outra ótica política daqui a 3 anos, 3 anos e meio. Quem está começando agora está focado em fazer um bom governo. Não vamos antecipar fatos políticos que acontecerão naturalmente ao longo do tempo.

Na última semana, o deputado federal e senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO) chamou de "cafetão" o ministro Gilberto Kassab, presidente do seu partido, por supostamente cooptar parlamentares de outras legendas para criar o Partido Liberal (PL). Como o sr. analisa essa declaração? Foi uma afirmação deselegante, até porque o Kassab é considerado um dos maiores articuladores políticos do país. Isso evidentemente causa alguma desavença em segmentos políticos. Mas, em hipótese alguma, nada que o Kassab tenha feito feriu a ética e as boas práticas políticas.

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