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O uso de furadeiras elétricas domésticas em operações na cabeça em hospitais públicos do Rio de Janeiro é uma prática usual, segundo o diretor da Câmara Técnica de Neurocirurgia do Cremerj, o neurocirurgião Aloysio Carlos Tortelly Costa. Em entrevista à Rádio CBN, ele afirmou, entretanto, que essa prática não representa uma irresponsabilidade ética, mas uma busca do médico em salvar a vida do seu paciente, dispondo de poucos recursos. Uma reportagem publicada nesta terça-feira no jornal "O Globo" trouxe a denúncia sobre a falta de equipamentos adequados nas cirurgias da rede pública.

- O médico no Estado do Rio de Janeiro não faz outra coisa a não ser improvisar a todo o momento. Infelizmente, ele tem que usar o que dispõe para salvar a vida do paciente - disse o médico.

Em entrevista ao site G1, o presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), José Carlos Saleme, classificou a denúncia de sensacionalista.

- Acho que não é por aí que se resolve a questão. Precisa de uma investigação mais séria. Nunca vai ser com esse tipo de sensacionalismo, porque alarmar a população não ajuda em nada - disse o neurocirurgião.

Segundo as denúncias, os quatro hospitais estaduais com setor de neurocirurgia na Região Metropolitana - Azevedo Lima, em Niterói; Saracuruna, em Duque de Caxias; Rocha Faria, em Campo Grande; e Getúlio Vargas, na Penha - além do municipal Souza Aguiar, no Centro, só contam com furadeiras elétricas para a abertura de crânios. Juntas, essas unidades fazem uma média de 125 operações neurológicas por mês.

Para o presidente da Comissão Municipal de Saúde, o vereador Carlos Eduardo (PSB), essas denúncias representam mais um capítulo da falta de gestão da saúde do Rio. O vereador disse em entrevista à CBN que faltam equipamentos, recursos humanos e uma gestão eficiente na rede pública. Ele afirmou ainda que essas cirurgias colocam em risco os pacientes e demonstram pouca humanidade, já que podem causar seqüelas graves, além de riscos de infecções e de hemorragias.

- Não podemos admitir que, dentro de um orçamento bilionário das secretarias estadual e municipal de Saúde, de mais de R$ 4 bilhões, no século XXI, na época do genoma, se concebam neurocirurgias feitas à base de furadeiras e maquitas - afirmou.

Segundo o subsecretário estadual de Atenção à Saúde, Carlos Armando Nascimento, esses equipamentos devem ser trocados por outros mais modernos. Mas ele afirmou, durante entrevista à CBN que, havendo cuidado na esterilização do equipamento, não se causam danos ao paciente. Segundo Nascimento, que é clínico geral, não há relatos de seqüelas provocadas por esse tipo de prática.

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