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Demóstenes: sobra o quê? | José Varella/Agência Senado
Demóstenes: sobra o quê?| Foto: José Varella/Agência Senado

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, pediu ontem a renúncia imediata do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás. Para Cavalcante, Demóstenes vive uma situação "mortal" para um político e não tem outra saída a não ser a imediata renúncia ao mandato, considerada por ele uma "atitude moral".

Uma das mais importan­­tes vozes da oposição no Con­­gresso, o senador foi flagrado em negociações com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Demóstenes recebeu um ultimato do DEM: deixa o partido ou será expulso até amanhã.

"A gravidade das denúncias por si só recomendam uma atitude moral. Continuar no cargo significa expor-se cada vez mais e ao seu partido", acrescentou o presidente da OAB. Ao cobrar uma solução rápida para o desgaste que o envolvimento de Demóstenes com corrupção expõe o Congresso Nacional, Cavalcante insistiu em que a renúncia ao mandato não impedirá a defesa de Demóstenes Torres, e caberá à Justiça decidir sobre sua inocência ou não.

Procurador de Justiça licenciado e senador há nove anos, Demóstenes começou a cair em desgraça em fevereiro, pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apura esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás. Carlinhos Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro. Gravações mostram que o senador acertou com o empresário ajuda em processo judicial e em projeto de legalização de jogos de azar em tramitação no Congresso.

Deputados

Na Câmara de Deputados, um primeiro passo para a perda de mandato de cinco parlamentares investigados no inquérito em andamento no STF por ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira é esperado para amanhã. Estariam envolvidos no esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT) e Sandes Júnior (PP), todos de Goiás, além de Stepan Nercessian (PPS-RJ).

O presidente da Frente Par­­lamentar de Combate à Corrupção, deputado Fran­­cisco Praciano (PT-AM), e o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), reúnem-se com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para avaliar as denúncias contra deputados. Por ora, não há um entendimento sobre como lidar com os casos. Segundo o socialista, a meta é examinar caso a caso, e, havendo indícios veementes de quebra de decoro, é dever dos partidos representarem contra o parlamentar no Conselho de Ética.

Ontem, o jor­­nal O Estado de São Paulo mostrou que o deputado Carlos Alberto Leréia recebeu R$ 100 mil de Cachoeira, além de ser sócio dele em um terreno avaliado em R$ 800 mil em um condomínio de lu­­xo em Goiânia. O deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) pediu licença temporária do partido e dos cargos que ocupa na Câ­­mara, mas não do mandato. Nercessian confirmou ter recebido R$ 175 mil de Cachoeira.

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