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Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff visitou as obras em Pernambuco, e disse que os contratos de transposição estavam sendo retomados | Alan Marques/Folhapress
Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff visitou as obras em Pernambuco, e disse que os contratos de transposição estavam sendo retomados| Foto: Alan Marques/Folhapress

Integração Nacional

Tucanos querem convocar ministro

Da Redação

O PSDB vai cobrar informações sobre as obras da transposição rio São Francisco ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Segundo informações veiculadas pelo partido, o deputado Vanderlei Macris (SP) anunciou ontem que apresentará na próxima semana requerimento pedindo a presença do titular na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

O tucano integrou a comitiva de deputados do PSDB, DEM e PPS que visitou o canteiro de obras na região de Mauriti (CE). Os parlamentares relataram que a construção está abandonada, com erosão, matagal, animais pastando no local, assoreamento e uma população desolada com a situação.

"A obra gigantesca está paralisada. Tivemos a oportunidade de ver o crescimento de árvores no meio da transposição. Isso mostra muito claramente o descaso, o desmando e o abandono. Constatamos o desperdício do dinheiro público", afirmou Macris. Ele disse que trabalhará para que o requerimento seja votado já na próxima quarta-feira.

A primeira iniciativa concreta da oposição em fiscalizar os projetos do governo de Dilma Rousseff foi feita ontem, bem longe de Brasília. No interior do Ceará, um grupo de 14 deputados federais visitou trechos das obras de transposição do Rio São Francisco. Desde a vitória de Dilma, partidos como PSDB, DEM e PPS têm se concentrado em criticar o governo, sem oferecer alguma alternativa de projeto de governo.

O cenário relatado pelos 14 deputados que integravam o grupo – a maioria do PSDB – é preocupante. Segundo o relato deles, as cenas são de erosão, mato crescendo e tudo parado. Eles percorreram alguns trechos no município de Mauriti, no Cariri cearense, a 600 quilômetros de Fortaleza. "A situação é estarrecedora, de descaso total. O custo, que era de R$ 4,8 bilhões, foi reajustado para R$ 8,2 bilhões no início deste mês. Só para refazer essa parte que foi danificada pelas constantes paralisações vai se gastar uma fortuna", disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).

As obras da transposição começaram em 2007. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva previa inaugurá-la em 2010. Trata-se de um dos projetos mais caros do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A construção de cerca de 600 quilômetros de canais de concreto que desviarão parte das águas do rio ainda deve consumir mais 45 meses.

No início de fevereiro, a presidente Dilma Rousseff esteve em Mauriti, onde afirmou que os contratos estavam sendo revistos e que os serviços seriam retomados. Ela disse também que novas empresas seriam contratadas para acelerar os trabalhos e consertar trechos que estão danificados. As novas licitações fizeram que o preço da transposição aumentasse mais de R$ 2,6 bilhões.

Gomes de Matos disse que só foi feito um "arremedo" onde a presidente esteve. "Continua tudo abandonado", informou o deputado tucano.

"Isso comprova o desprestígio dos atuais governantes locais e desconstroi falsas propagandas sobre a transposição", comentou o presidente do PSDB cearense, Marcos Cals, que também acompanhou a visita.

O trecho vistoriado ontem pela oposição integra o eixo Norte do projeto. No local, a comitiva encontrou feitos o aterro e escavações, mas viu o canal tomado pelo mato e ameaçado pela erosão. Alguns moradores disseram que abriram mão de suas plantações de caju porque as propriedades ficavam no traçado do canal. Hoje, eles estão sem fazer nada e sem nenhuma fonte de renda.

Os tucanos informaram ainda que a 100 quilômetros de Mauriti, já no lote 14, em São José das Piranhas, alguns operários ficaram feridos e impedidos de trabalhar por um longo período devido a um desabamento parcial, ocorrido em abril do ano passado. As denúncias foram feitas a eles por ex-operários.

2014

A iniciativa da oposição coincide com o momento em que cresce a tendência do PSDB lançar a pré-candidatura do senador Aécio Neves para a Presidência da República, em 2014. Neste do­­­­mingo, o ex-governador de São Paulo José Serra, que tinha intenção de concorrer novamente ao Planalto, participará das prévias tucanas para definir o nome do pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Serra já se comprometeu a permanecer no cargo, caso seja eleito.

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