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Em mais de nove horas de depoimento à polícia, todos os sete ocupantes do Legacy sustentaram a mesma versão sobre o acidente que derrubou o Boeing da Gol no norte de Mato Grosso, na sexta-feira (29): ninguém percebeu a aproximação da outra aeronave.

O depoimento foi prestado à Polícia Civil em Cuiabá. Teve início às 20h da noite de sábado (30) e terminou por volta de 5h30 na madrugada deste domingo (1°). Os sete integrantes do Legacy, todos americanos, estavam acompanhados do cônsul americano Marck Pannel, do advogado da Embraer, Antônio Carlos Gonçalves, e de um representante da embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

De Cuiabá, o grupo seguiu em aviões da Embraer para São José dos Campos (SP), de onde o Legacy havia partido em direção aos Estados Unidos.

O piloto Joseph Lepore e o co-piloto Jan Palldino disseram que não se desviaram da rota de vôo e que, no momento do choque com o Boeing, mantinham contato com a torre de controle. O equipamento anti-colisão da aeronave não emitiu nenhum alerta sobre a aproximação do avião da Gol, segundo os tripulantes.

De acordo com o delegado Anderson Garcia, que ouviu o piloto e o co-piloto, apenas a perícia nos aviões e as informações das torres de controle poderão dar respostas sobre as causas da colisão, que vitimou 155 pessoas.

As buscas junto aos destroços do avião, nas proximidades do parque indígena do Xingu, ainda não encontraram sobreviventes. Os trabalhos foram retomados por volta das 6h30 deste domingo (1°).

Condições normais

No depoimento, os tripulantes informaram que o Legacy voava a uma velocidade de aproximadamente 800 km/h. ''Eram condições normais de vôo para as duas aeronaves", disse o delegado.

A colisão se deu a 37 mil pés de altura (cerca de 11.200 metros) e, segundo os depoimentos, não produziu grande impacto. ''A tripulação se assustou um pouco, mas não entrou em pânico. E a aeronave logo se estabilizou'', contou o delegado Marcelo Felisbino, que ouviu as declarações dos quatro executivos da empresa de táxi aéreo Excel Air Services e do jornalista do ''The New York Times'', Joe Sharkey.

Segundo Felisbino, os depoimentos foram coerentes entre si. "Todos foram unânimes a respeito da altitude e da estabilidade da viagem", informou.

A asa direita e a parte traseira do jato foram danificadas no choque. Com a colisão, uma peça chamada ''winglet'', uma espécie de prolongamento da asa, foi arrancada, e o piloto automático desligou. O piloto, um instrutor de vôo em Nova York, teve que assumir o comando da aeronave. Trinta minutos depois, o Legacy pousou na pista da base aérea da Serra do Cachimbo.

Equipamento

A perícia realizada pela Polícia Civil poderá apontar se o transcoder, um equipamento anti-colisão, estava ligado. No depoimento, a tripulação afirmou que o aparelho estava ligado e não funcionou. A polícia analisa a hipótese de o transcorder ter sido desligado, talvez para que o Legacy pudesse atingir uma velocidade maior. Com o equipamento desligado, a aeronave desaparece do radar.

A perícia poderá responder a essa pergunta e a outras como, por exemplo, se a rota de vôo foi desviada e se a torre mantinha contato com a tripulação do Legacy. A maior expectativa, no entanto, é a respeito da caixa-preta do jato, que ainda está na base aérea da Serra do Cachimbo, e da caixa-preta do Boeing da Gol, que ainda não foi encontrada.

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