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O réu também garantiu que as empresas do grupo Odebrecht não participavam do suposto cartel formado por grandes empreiteiras para fatiar obras da Petrobras. | Antônio More/Gazeta do Povo
O réu também garantiu que as empresas do grupo Odebrecht não participavam do suposto cartel formado por grandes empreiteiras para fatiar obras da Petrobras.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

O presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou à Justiça Federal, nesta sexta-feira, 30, que a força-tarefa da Operação Lava Jato ‘distorceu fatos’ com o objetivo “ilegal” e “cruel” de sujeitá-lo à prisão preventiva. Ele está preso desde 19 de junho, em Curitiba, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Petrobras.

Odebrecht diz que as acusações do MPF são “absurdas”, baseadas em “ilações” e “injustas”. Ao se referir à acusação de que ele teria pago ou ordenado o pagamento de propina para obtenção de contratos públicos, o executivo afirma que “jamais orientaria esse tipo de conduta ilegal. Essa acusação é profundamente injusta”.

O réu também garantiu que as empresas do grupo Odebrecht não participavam do suposto cartel formado por grandes empreiteiras para fatiar obras da Petrobras. “Nunca ouvi falar, nem soube desse tipo de acusação de qualquer empresa do Grupo. A alegação da existência de indícios de cartel com participação da Odebrecht se mostra, portanto, absolutamente inconsistente e absurda”, afirma o empresário.

O interrogatório de Odebrecht, o mais esperado até aqui na Lava Jato dentro do rol de acusados do núcleo empresarial, marca a fase final da ação penal envolvendo ele e outros cinco executivos do grupo - que também negaram relação com o esquema, em depoimentos prestados nesta sexta-feira (30) e na quinta (29).

E-mails e anotações

O executivo da maior empreiteira do país também se defendeu das acusações referentes a e-mails e bilhetes apreendidos pela Polícia Federal, que foram utilizados para embasar a denúncia do MPF. Um dos e-mails, que foi usado como fundamento para pedir a prisão preventiva de Odebrecht, ele é copiado em uma mensagem que cita um “sobrepreço” em uma das obras do grupo.

“Não se trata de um superfaturamento, mas de uma modalidade contratual usual nesse mercado”, explicou. “É um absurdo que um assunto mais que esclarecido pelo autor do e-mail, pela mídia, pelo mercado, e até mesmo pelo delator Pedro Barusco [...] tenha causado a minha prisão”, argumenta.

Segundo Odebrecht, a interpretação dada pelo MPF ao material apreendido “está distorcida”. Quanto às notas apreendidas em seu celular, o executivo afirma que “são anotações pessoais feitas por mim e para mim mesmo”. “Na maior parte das vezes, aquelas anotações ficavam no campo da cogitação, de ideias que eu tinha e anotava para perguntar a alguém, checar, acompanhar, tirar dúvidas, discutir ações a serem adotadas”, diz um trecho do documento.

Investigações

Odebrecht enfatizou no documento protocolado nesta sexta-feira (30) que nunca cogitou interferir nas investigações da Operação Lava Jato. Em um dos documentos apreendidos, o MPF encontrou uma anotação dizendo “trabalhar para parar/anular (dissidentes PF...)”. O achado foi interpretado como uma tentativa de boicotar as investigações.

“Essa anotação foi feita, portanto, apenas para acompanhar o assunto, não tendo qualquer relação com as ilações feitas pelo Ministério público no sentido de que eu estaria manipulando investigações”, disse o empresário.

Fuga

O executivo também rebateu a preocupação do MPF de que ele poderia tentar fugir do país para evitar uma possível prisão. “Fica evidente a distorção dos fatos com objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva”, disse Odebrecht.

O executivo será interrogado pelo juiz federal Sergio Moro nesta sexta-feira (30) no processo em que é réu junto com outros funcionários da Odebrecht. Segundo a força-tarefa, o valor em corrupção causada pela Odebrecht alcançaria R$ 389 milhões. Além disso, o MPF calcula que o dano causado pelas empresas do grupo à Petrobras chega a R$ 5,9 bilhões.

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