- Para oposição, saída de Graça Foster é "tardia"
- Ex-contadora de Youssef diz que Luiz Argôlo frequentava escritório do doleiro
- MPF vê ligação entre Youssef e irregularidades no metrô de SP
- Venina é dispensada como testemunha da Lava-Jato por falta de informações relevantes
- Cerveró passa mal e é atendido por Samu na carceragem em Curitiba
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (5) a nona fase da Operação Lava Jato. Estão sendo cumpridos 62 mandados judiciais: um de prisão preventiva no estado do Rio de Janeiro, três de prisão temporária em Santa Catarina, 18 de condução coercitiva quando a pessoa é levada à delegacia para depor e 40 de busca e apreensão nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
O tesoureiro do PT João Vaccari é alvo de um dos mandados de prisão coercitiva, segundo a PF.
De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado Igor Romário de Paula, os mandados de prisão temporária dizem respeito a dois sócios e um diretor financeiro de uma empresa em Piçarras, em Santa Catarina. A empresa atua no ramo de fabricação de tanques de combustíveis e caminhões de abastecimento e mantém contratos com a BR Distribuidora. Até o momento, apenas um dos sócios ainda não foi preso, pois está em viagem aos Estados Unidos, com previsão de retorno ainda hoje.
De acordo com a PF, os mandados de busca e apreensão são cumpridos em 26 empresas. Duas delas são em Santa Catarina, sendo que uma delas é apenas um depósito de documentos e não é investigada. As demais empresas são dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. De acordo com Romário, a maioria das empresas é de fachada.
A operação de hoje foi possível graças a colaboração de pessoas investigadas, entre elas o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. De acordo com Romário, Barusco apresentou documentações que contribuíram para que a PF pudesse desencadear a operação.
A PF ainda não confirmou os nomes das pessoas presas.
.
Os envolvidos poderão responder, na medida de suas participações individuais, pelos crimes de fraude a licitação, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
São 200 policiais federais, com apoio de 25 servidores da Receita Federal, participando da fase atual.
Relembre
Com início em um posto de gasolina -de onde surgiu seu nome-, a Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014 investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos.
Uma das primeiras prisões foi a do doleiro Alberto Youssef, 47. Criado em Londrina, foi vendedor de pastel e contrabandista de eletrônicos do Paraguai antes de aprender o ofício de doleiro. Foi preso nove vezes. Uma delas, pela participação no chamado caso Banestado, maior escândalo já investigado no Brasil sobre remessas ilegais de dinheiro.
Três dias depois, houve a prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. Costa era investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Ele passou a ser investigado pela PF após ganhar, em março de 2013, um carro de luxo de Youssef.
Tanto Costa quanto Youssef assinaram com o Ministério Público acordos de delação premiada para explicar detalhes do esquema e receber, em contrapartida, alívio das penas.
Em seu depoimento, o ex-diretor da Petrobras afirmou que havia um esquema de pagamento de propina em obras da estatal, e que o dinheiro abastecia o caixa de partidos como PT, PMDB e PP.
No final de outubro, Julio Camargo, da empresa Toyo Setal, fechou acordo de delação premiada com procuradores. É o primeiro executivo a fazê-lo. Uma semana depois, outro executivo da empresa, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, também assinou uma delação.
No dia 14 de novembro, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Lava Jato, que envolveu buscas em grandes empreiteiras como a Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht, além de outras sete companhias.
As empresas envolvidas têm contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras.
As denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal foram acatadas e a Justiça Federal tornou réus 39 pessoas.
O juiz federal do Paraná Sérgio Moro é responsável pelas ações penais decorrentes da Lava Jato nos casos que não envolvem políticos -que possuem foro privilegiado e, por isso, são investigados pelo Supremo Tribunal Federal. O magistrado é referência no julgamento de crimes financeiros.



