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Presos da Lava Jato: prazos de prisão começam a vencer nesta terça. | Avener Prado/Folhapress
Presos da Lava Jato: prazos de prisão começam a vencer nesta terça.| Foto: Avener Prado/Folhapress

Operadores dos dois principais partidos do governo federal teriam recebido ao menos R$ 200 milhões em propinas na Petrobras para viabilizar contratos com empreiteiras. Segundo delatores do esquema de corrupção na estatal, os pagamentos foram feitos ao ex-diretor de Serviços Renato Duque, apontado como integrante do esquema do PT que teria como operador o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto; e a Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado pela Polícia Federal como lobista do PMDB, que indicou Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras.

Detalhes sobre o pagamento de suborno, que seria uma condição prévia para obter obras na companhia petrolífera, foram revelados aos investigadores da Operação Lava Jato pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, em troca de uma possível redução de pena imposta pela Justiça.

Nos depoimentos, eles revelam os valores e as empresas usadas para o repasse do dinheiro aos dois investigados. O relato do delator deu base à sétima fase da Lava Jato, deflagrada sexta-feira, quando a cúpula das maiores empreiteiras do país e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque foram presos. Fernando Baiano está foragido.

Conforme as investigações, os fornecedores da Petrobras pagavam aos supostos operadores até 3% de propina para obter contratos superfaturados, por meio de fraude a licitações. Parte desses recursos seria repassada aos partidos da base aliada.

Segundo os depoimentos, Fernando Baiano recebeu ao menos US$ 40 milhões (R$ 104 milhões) para viabilizar o fornecimento de sondas de perfuração à estatal. A negociação foi feita com a Diretoria Internacional da Petrobras, sob o comando do ex-diretor Nestor Cerveró. O lobista teria influência na área.

Outros R$ 95 milhões teriam sido pagos a Duque e um de seus subordinados na estatal, o então gerente Pedro Barusco, para que "arranjassem" contratos para construtoras em ao menos cinco grandes obras – uma delas no Paraná (veja mais no texto desta página).

Procurado, Barusco não deu retorno. A defesa de Duque negou as acusações dos delatores. O advogado Mário de Oliveira Filho, que defende Fernando Baiano, repudiou as acusações.

Delatores

Propina em obras da Repar teriam sido de até R$ 60 milhões

O executivo Júlio Camargo, da empresa Toyo Setal, disse em depoimento da delação premiada que "azeitou" a contratação do Consórcio Interpar – formado pelas empresas SOG, Mendes Júnior e Skaska – para obras na refinaria Repar, em Araucária, região metropolitana de Curitiba. "Houve solicitação de pagamento de vantagem indevida por [Renato] Duque [ex-diretor da Petrobras] e [Pedro] Barusco [ex-gerente] do valor aproximado de R$ 12 milhões", declarou. Na refinaria paranaense, Augusto Ribeiro, outro executivo da Toyo Setal, disse que os valores pagos a Duque e Barusco pelo cartel de empreiteiras, chamado por ele de "clube", teria sido de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões entre 2008 e 2011.

Dentre outras obras, os dois delatores ainda disseram que houve pagamento de propina referente à refinaria paulista de Henrique Lage (Repav) e na construção dos gasodutos em Cabiúnas e de Urucu-Manaus.

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