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Agripino Maia, senador (RN), líder do DEM no Senado | Antônio Cruz/ABr
Agripino Maia, senador (RN), líder do DEM no Senado| Foto: Antônio Cruz/ABr
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Entrevista

Aécio Neves (PSDB-MG), senador

Alvo de críticas desde que setores do PSDB ajudaram na eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidente do Senado, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lamentou que companheiros seus, em função de interesses menores, não tenham seguido seu apelo.

O PSDB se posicionou contra Renan, mas na votação secreta tucanos votaram a favor por um cargo na Mesa. O que aconteceu?

Tomei a decisão que achei correta. Comecei a semana falando contra a eleição do Renan, pedindo que abrisse mão da candidatura. Lamento profundamente que alguns senadores do PSDB não seguiram a orientação da bancada. Eu conversei pessoalmente com o Renan e disse que ele ficasse à vontade em relação ao cargo na Mesa, que era irrelevante.

O senhor está sendo criticado por não ter discursando da tribuna no dia da eleição.

Falar ou não no plenário, naquele dia, era uma bobagem. Mas se há uma responsabilidade na eleição de Renan é da presidente Dilma e do PT. Mas o governo que se prepare, vamos voltar quentes depois do Carnaval. Vamos fazer uma oposição cada vez mais qualificada, clara e firme. (AG)

A última quinta-feira foi de anúncio de novos números negativos da inflação. Dia perfeito, avaliou um líder governista, para a oposição ocupar as tribunas e "nadar de braçada" nas críticas ao governo. Mas, no Senado, nenhum senador ou líder do PSDB ou do DEM apareceu para faturar. Só os governistas ocuparam o espaço da tribuna. A situação descrita é só mais um exemplo de como, num período em que o governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta dificuldades de gestão e na condução da política econômica, a oposição se encolhe e silencia, em vez de partir para o ataque.

Ausentes desde quarta-feira para uma folga de duas semanas, os líderes da oposição fazem um mea culpa da desarticulação, mas prometem unificar a atuação depois do carnaval. "A constatação é: o processo eleitoral do ano passado provocou um distanciamento da oposição. Vamos nos reunir depois do carnaval para retomar uma ação unificada. O governo está errando e surfando sozinho porque nos distanciamos", admitiu o líder do DEM, senador Agripino Maia (RN).

Recém-empossado na liderança do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO) promete botar fogo na oposição daqui para frente para mostrar que o governo Dilma está como "um portal lindo, mas carcomido pelos cupins".

Minoria

O professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Uni-camp) Roberto Romano lembra que, na História recente do país, a oposição quase sempre foi minoria no Congresso, mas considera que nunca foi tão dramática a sensação de sua inexistência como agora. "Em troca de um cargo na Mesa do Senado, eles traíram, em sigilo, a palavra de ordem oposicionista. Essa oposição não diz a que veio, ela não tem uma alternativa de curto, médio e longo prazos para a economia do Brasil. A oposição nunca foi tão insignificante do ponto de vista político e legal como neste momento", afirmou.

Os líderes governistas comemoram a situação. No plenário quase vazio do Senado, na quinta-feira, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), subiu à tribuna para defender o governo. "Hoje seria um prato cheio para a oposição, com esses números da inflação, que é uma preocupação nossa. Mas é a cabeça de cada um, né?", comentou. "A oposição hoje é menor que na gestão de Lula, e isso facilita para o governo. Mas não devemos menosprezar a importância da oposição", completou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

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