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Governo derruba novo pedido

A Assembléia Legislativa derrubou ontem, por 21 votos a 17, o pedido de informações da oposição para que o secretário de Obras Públicas, Marcelo Almeida, dê detalhes sobre a obra do Fórum, onde será instalado provisoriamente o gabinete do governador Roberto Requião (PMDB). O pedido questionava o valor da obra, empresa vencedora, prazo de execução e quantos aditivos foram feitos. "Eu disse que o governo responderia tudo sem requerimento, mas ele (deputado Valdir Rossoni, da oposição) insistiu em votar e derrubamos", justificou o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).

O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), acusou ontem o secretário chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, de tentar usar os deputados oposicionistas como "massa de manobra" para instalar a CPI das ONGs e atingir membros do próprio governo. Essa foi uma razões apresentadas pela bancada de oposição para justificar o apoio ao fim da CPI.

Iatauro, segundo Rossoni, teria pressionado os deputados a criar a CPI para investigar o repasse de recursos públicos para organizações não-governamentais com a finalidade de atingir o ex-secretário Estadual do Trabalho, Padre Roque Zimmermann, além do atual diretor-geral da pasta, Emerson Nerone.

A CPI das ONGs foi proposta pelo genro de Iatauro, deputado Fábio Camargo (PTB). "Se o Rafael Iatauro quer derrubar parte da direção da Secretaria do Trabalho não vai usar a oposição. É o primeiro chefe de Casa Civil que vejo defendendo CPI contra o próprio governo", afirmou Valdir Rossoni. "Se o Requião ouvisse mais a oposição e menos os lernistas que estão na sua equipe, erraria menos", emendou.

Segundo Rossoni, a oposição "silenciou de forma inteligente" quando os governistas decidiram desmontar os seis pedidos de investigação apresentados por eles próprios. "Eles apresentaram uma avalanche de CPIs só para obstruir a pauta e evitar que a oposição investigasse o governo", disse.

O secretário Rafael Iatauro reagiu surpreso à acusação e disse que Rossoni "enlouqueceu". Da Europa, onde está visitando sua filha, o chefe da Casa Civil afirmou por telefone que nunca pressionou nenhum deputado a apoiar a CPI das ONGs e inclusive sempre foi contra a comissão.

Iatauro garantiu ainda que segue a orientação do governo e não faria nada para ajudar um familiar. "Se fosse para pressionar algum parlamentar seria para que fosse criada a CPI do DER para investigar o pagamento de R$ 10 milhões à DM Construtora e a venda da venda de florestas pela Paraná Ambiental", disse Iatauro. A primeira atinge o grupo do prefeito Beto Richa (PSDB), ligado ao deputado, e a outra envolve o governo Jaime Lerner, do qual Rossoni foi líder na Assembléia.

A Assembléia Legislativa decidiu instalar primeiro a CPI das ONGs antes das outras cinco que estavam na lista de espera. Todas foram apresentadas em fevereiro. A escolha foi feita pelos líderes dos partidos logo depois que vieram à público as suspeitas de irregularidades na gestão passada da Secretaria do Trabalho.

O Tribunal de Contas do Estado investiga repasses de R$ 5,1 milhões quer foram feitos a organizações não-governamentais nos anos de 2005 e 2006 e a divisão de salários entre funcionários da Secretaria.

O deputado Fábio Camargo sempre negou qualquer interesse em focar a CPI no caso do Padre Roque ou no PT. Mesmo assim, havia preocupação dos petistas. O líder do partido, Élton Welter, comemorou ontem o arquivamento das CPIs e afirmou que a Assembléia acertou em recuar porque todas acabariam em pizza.

Com o recuo, a pauta ficou livre para novos pedidos de investigação. Mas por enquanto, ninguém quer nem ouvir falar no assunto. A não ser o deputado Fábio Camargo, que passou o dia de ontem reunido com advogados para estudar como pode recorrer judicialmente da decisão da Assembléia.

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