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Conflito agrário

Oposição “ressuscita” a CPI dos sem-terra

PSDB e DEM reuniram o número mínimo de assinaturas para protocolar a investigação. Governo já se articula para nova retirada das adesões

Pé de laranja destruído, com trator igualmente depredado ao fundo: sinais do vandalismo do MST na fazenda da Cutrale | Keiny Andrade/AE
Pé de laranja destruído, com trator igualmente depredado ao fundo: sinais do vandalismo do MST na fazenda da Cutrale (Foto: Keiny Andrade/AE)

Brasília - - A oposição ao governo Lula conseguiu fechar ontem o número mínimo de assinaturas necessárias para pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI mista) no Congresso. O objetivo da CPI será investigar repasses da União a entidades ligadas ao MST.

Na semana passada, os oposicionistas haviam conseguido reunir as adesões necessárias para investigar os sem-terra. Mas numa manobra governista, vários parlamentares retiraram suas assinaturas em cima do prazo para que a CPI fosse formalizada, enterrando a investigação.

Porém, a depredação promovida no início desta semana pelo MST na fazenda de laranjas da Cutrale, no interior de São Paulo, reacendeu a pressão para que os repasses federais para o movimento dos sem-terra seja investigado.

Temor

No total, DEM e PSDB reuniram 172 assinaturas de deputados federais e 33 de senadores na nova tentativa de instalar a comissão. Para que a CPI mista (com deputados e senadores) saia do papel, são necessárias pelo menos 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado.

A oposição ainda não decidiu se vai protocolar o pedido de criação da CPI na próxima terça-feira. Nos bastidores, deputados oposicionistas temem uma nova retirada de assinaturas do pedido, o que inviabilizaria a comissão – a exemplo do que ocorreu na semana passada. Por isso DEM e PSDB vão continuar a busca por assinaturas para ter uma "margem’’ que permita a instalação da CPI.

Os líderes oposicionistas afirmam que, desta vez, a coleta de assinaturas foi "seletiva", informando a todos os parlamentares que eles seriam pressionados a retirar assinaturas. "Desta vez, nós fizemos coleta individual, conversamos e não procuramos quem retirou as assinaturas anteriores. Esses nós fizemos questão de esquecer", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Lorenzoni ainda afirmou que o objetivo da "nova" investigação será mais amplo. "A CPI mudou o foco: vai propor investigação dos repasses federais, dos repasses internacionais que o MST tem recebido, além de fase propositiva para rever o modelo de assentamentos", disse o deputado gaúcho.

A oposição acusa o governo de repassar recursos públicos ao MST por meio de entidades cadastradas no Ministério do Desen­­volvimento Agrário, que seriam "laranjas" do movimento. "O ministro (Guilher­­­me) Cassel (do Desenvolvimento Agrário) disse que, quando uma entidade é identificada como fraudadora de convênios com a União, ela fica proibida de ‘conveniar’. Não é verdade. Há entidades condenadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) que continuam conveniadas. Há uma articulação do governo para manter o MST irrigado", disse Lorenzoni.

O deputado governista Henrique Fontana (PT-RS), embora considere o caso da Cutrale inaceitável por parte do MST, sinalizou a disposição da base aliada em trabalhar para promover novamente uma retirada de assinaturas por considerar que a oposição quer usar a CPI para fazer disputa política. "O que a oposição quer é apostar no conflito. A oposição, ao invés de resolver o problema, pretende aprofundar o problema."

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Interatividade

O governo federal, ao repassar dinheiro para ONGs ligadas ao MST, é também responsável por invasões de terras e depredação de propriedades?

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