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Pé de laranja destruído, com trator igualmente depredado ao fundo: sinais do vandalismo do MST na fazenda da Cutrale | Keiny Andrade/AE
Pé de laranja destruído, com trator igualmente depredado ao fundo: sinais do vandalismo do MST na fazenda da Cutrale| Foto: Keiny Andrade/AE

Ação de integrantes do MST foi ato de "vandalismo", diz Lula

Brasília - O presidente Lula chamou ontem de "vandalismo’’ a ação de integrantes do MST na fazenda da Cutrale, no interior de São Paulo, que resultou na destruição de parte do laranjal e de equipamentos e produtos da propriedade.

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União é dona da fazenda da Cutrale, afirma Incra

Das agências

São Paulo e Sorocaba - O Instituto Nacional de Colo­­­ni­­­zação e Reforma Agrária (Incra) informou ontem que os 2 mil hectares utilizados pela empresa Cutrale para produção de laranja em Borebi, interior de São Paulo, pertencem à União. A afirmação foi feita pelo superintendente do órgão em São Paulo, Raimundo Pires Silva, à Agência Brasil, mantida pelo governo federal.

A fazenda foi ocupada pelo MST no último dia 28. Os manifestantes permaneceram até a última quarta-feira e, durante o tempo em que estiveram no local, destruíram parte da fazenda, incluindo pés de laranja, que fo­­­ram "atropelados" por um trator. O MST afirmou que a invasão foi um ato para denunciar a grilagem de terras.

Segundo o superintendente do Incra, estudos garantem que as terras fazem parte de uma área de 40 mil hectares adquirida pela União em 1909 com a intenção de fazer assentamentos. Pires Silva contou que "não se sabe como’’ parte das terras foi registrada em cartório em nome de particulares.

Prejuízos

A Cutrale deve encerrar hoje o levantamento dos prejuízos da ação do MST, que devem passar de R$ 3 milhões. O número de pés de laranja destruídos chega a 12 mil. Ontem, integrantes do MST que participaram da ocupação começaram a deixar a região. A estratégia, segundo a polícia, se­­­­ria dificultar a identificação dos autores dos crimes.

Brasília - - A oposição ao governo Lula conseguiu fechar ontem o número mínimo de assinaturas necessárias para pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI mista) no Congresso. O objetivo da CPI será investigar repasses da União a entidades ligadas ao MST.

Na semana passada, os oposicionistas haviam conseguido reunir as adesões necessárias para investigar os sem-terra. Mas numa manobra governista, vários parlamentares retiraram suas assinaturas em cima do prazo para que a CPI fosse formalizada, enterrando a investigação.

Porém, a depredação promovida no início desta semana pelo MST na fazenda de laranjas da Cutrale, no interior de São Paulo, reacendeu a pressão para que os repasses federais para o movimento dos sem-terra seja investigado.

Temor

No total, DEM e PSDB reuniram 172 assinaturas de deputados federais e 33 de senadores na nova tentativa de instalar a comissão. Para que a CPI mista (com deputados e senadores) saia do papel, são necessárias pelo menos 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado.

A oposição ainda não decidiu se vai protocolar o pedido de criação da CPI na próxima terça-feira. Nos bastidores, deputados oposicionistas temem uma nova retirada de assinaturas do pedido, o que inviabilizaria a comissão – a exemplo do que ocorreu na semana passada. Por isso DEM e PSDB vão continuar a busca por assinaturas para ter uma "margem’’ que permita a instalação da CPI.

Os líderes oposicionistas afirmam que, desta vez, a coleta de assinaturas foi "seletiva", informando a todos os parlamentares que eles seriam pressionados a retirar assinaturas. "Desta vez, nós fizemos coleta individual, conversamos e não procuramos quem retirou as assinaturas anteriores. Esses nós fizemos questão de esquecer", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Lorenzoni ainda afirmou que o objetivo da "nova" investigação será mais amplo. "A CPI mudou o foco: vai propor investigação dos repasses federais, dos repasses internacionais que o MST tem recebido, além de fase propositiva para rever o modelo de assentamentos", disse o deputado gaúcho.

A oposição acusa o governo de repassar recursos públicos ao MST por meio de entidades cadastradas no Ministério do Desen­­volvimento Agrário, que seriam "laranjas" do movimento. "O ministro (Guilher­­­me) Cassel (do Desenvolvimento Agrário) disse que, quando uma entidade é identificada como fraudadora de convênios com a União, ela fica proibida de ‘conveniar’. Não é verdade. Há entidades condenadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) que continuam conveniadas. Há uma articulação do governo para manter o MST irrigado", disse Lorenzoni.

O deputado governista Henrique Fontana (PT-RS), embora considere o caso da Cutrale inaceitável por parte do MST, sinalizou a disposição da base aliada em trabalhar para promover novamente uma retirada de assinaturas por considerar que a oposição quer usar a CPI para fazer disputa política. "O que a oposição quer é apostar no conflito. A oposição, ao invés de resolver o problema, pretende aprofundar o problema."

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Interatividade

O governo federal, ao repassar dinheiro para ONGs ligadas ao MST, é também responsável por invasões de terras e depredação de propriedades?

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