
A oposição ao governo Roberto Requião na Assembléia Legislativa também tem seus factóides. Neste ano, criou suspeitas contra o governo, amplamente divulgadas à imprensa, sem conseguir apresentar ou obter provas consistentes.
Em pelo menos dois casos ficou demonstrado que as denúncias oposicionistas eram infundadas: a suposta inexistência de entradas USB (para pen drive) nas televisões laranjas compradas pela Secretaria Estadual de Educação; e gastos com cartões corporativos da parte de membros do governo estadual, que teriam chegado ao valor de R$ 120 mil em uma única viagem.
No caso das televisões, a oposição havia denunciado que os 22 mil aparelhos, além de terem sido comprados por valor acima do mercado, não teriam um item previsto no edital de licitação: as entradas USB. Mas ao menos a denúncia de que os televisores não tinham entrada para pen drive era falsa. O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), porém, afirma que ainda faltam explicações do governo sobre o preço dos aparelhos. Ele lembra que a Cequipel, empresa vencedora da licitação, é especializada em venda de móveis e não em eletrodomésticos, além de ter sido a maior doadora da última campanha de Requião.
Já a acusação de que o governo estaria fazendo uma "farra" com dinheiro público em viagens oficiais partiu do deputado Ademar Traiano (PSDB), que interpretou equivocadamente os dados do site Gestão do Dinheiro Público, no início de julho. Ao analisar a rubrica orçamentária "pouso", na página de internet, o deputado entendeu que o gasto de R$ 120 mil teria ocorrido em uma única pousada o que posteriormente foi desmentido.
Outro factóide da oposição foi a ameaça de investigar o contrato da Sanepar com a Pavibrás por meio de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). A Pavibrás foi contratada para realizar obras de esgoto no litoral por R$ 69 milhões, acabou recebendo R$ 130 milhões e deixou parte das obras paradas. A CPI, porém, nem sequer foi pedida.
Valdir Rossoni ainda denunciou irregularidades nos contratos de apólices de seguro entre a Sanepar e a Pavibrás. Apontou como grave o fato de que, na tomada de preço para firmar o contrato de seguro, a Sanepar teria consultado três seguradoras, duas delas "fantasmas". A denúncia ficou, porém, só no discurso. O deputado admite que não levou as suspeitas adiante, nem encaminhou documentos ao Ministério Público.
Mas Rossoni diz que agora a estratégia da oposição vai ser diferente. "A partir de segunda-feira vamos agir de forma diferente. Em primeiro lugar, iremos fazer tudo através da Justiça. Em caso de dúvidas, vamos encaminhar denúncia ao Ministério Público", assegura Rossoni.
O líder do governo na Assembléia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), não considera que esses episódios da oposição sejam factóides. Para ele, a oposição vem agindo de forma correta, buscando fiscalizar o Executivo. "Esses temas foram abordados porque envolvem a gestão pública." Segundo Romanelli, os questionamentos que a oposição tinha sobre esses assuntos foram respondidos.
"Eles estão no direito deles de se contrapor ao governo. Mas muitas coisas são levantadas e, na prática, não se vê resultados", diz o líder do PMDB, Waldyr Pugliesi. "É lógico que o papel da oposição é cutucar o governo permanentemente."



