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Lula vistoria obras de transposição do Rio São Francisco: o sertão vai virar mar. | Ricardo Stuckert/Presidência
Lula vistoria obras de transposição do Rio São Francisco: o sertão vai virar mar.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência

Sucessão

Presidente diz que viagem marca "união" da base aliada

Agência Estado

Cabrobó (PE) - Para não interromper o que considera o "momento Dilma", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou ontem o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) a aguardar até março para lançar candidatura na eleição de 2010. Em conversa reservada no alojamento de um canteiro de obras do projeto de transposição do Rio São Francisco, em Cabrobó, a 530 quilômetros do Recife, Lula avaliou que a viagem de três dias aos sertões de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Ceará marcou a união da base aliada, segundo uma pessoa próxima. "Isto foi um símbolo", comentou. "Vamos juntos; em março, a gente define se iremos com um ou dois (candidatos)".

Até lá, Lula continuará apresentando sua candidata preferida pelo país, Dilma Rousseff, e contando com Ciro para rebater e atacar a oposição. Pelo menos ontem, o deputado do PSB demonstrou ter concordado com a orientação do presidente. Em discurso, Ciro disse que no governo tucano o Brasil vivia "humilhado" e "atrofiado". "Quando Lula tomou posse, o salário mínimo não dava para o cabra comprar metade de uma cesta básica", disse. "Hoje, o trabalhador leva quase três cestas com seu salário".

Ciro ainda trocou gentilezas com Dilma Rousseff. Ele disse aos trabalhadores do canteiro de obras de Cabrobó que o país irá ouvir "muito" o nome da ministra. "É uma forte guerreira", afirmou. "O Brasil precisa conhecer esta mulher". Já Dilma disse que Ciro é um "companheiro querido dos momentos difíceis" e uma "pessoa em quem a gente pode confiar".

Brasília - A oposição já ingressou seis vezes na Justiça Eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e/ou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por "campanha eleitoral antecipada". Em quatro ações, os dois figuram juntos como representados. Uma ação tem como alvo apenas o presidente e a outra, apenas a ministra. Deste total, quatro ações foram arquivadas e apenas duas estão em tramitação: ambas têm Lula e Dilma, juntos, como alvo.

Na próxima terça-feira, o PSDB registrará requerimento na Casa Civil pedindo a relação dos custos da viagem da caravana do presidente Lula de vistoria às obras de transposição do Rio São Francisco. Com essas informações, o partido pretende ingressar com nova representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso isso se confirme, será a terceira tentativa dos tucanos de enquadrar a ministra e o presidente na lei eleitoral.

Na primeira ação impetrada pelo PSDB no TSE o partido alega que o Diretório Nacional do PT utilizou seu tempo de propaganda eleitoral gratuita, veiculada no dia 23 de maio deste ano, para "fazer propaganda eleitoral em favor da pré-candidata à Pre­­sidência da República, senhora Dilma Rousseff". Na propaganda, o locutor diz: "antes, quando vinha a crise, lá ia o Brasil para o FMI. Estatais eram vendidas, salários arrochados, cortava-se empregos, os impostos disparavam. Sem solução, os governos passados eram parte do problema. Com Lula e o PT, o governo é parte da solução. O Brasil cresce, reduz desigualdades É um dos países mais preparados para enfrentar a crise. Com trabalho e confiança. PT – Brasil no rumo certo". A representação contra a ministra, no entanto, foi indeferida pelo ministro Félix Fisher.

Em outra representação, desta vez com Lula figurando ao lado da ministra Dilma como representado, o PSDB acusa o presidente de fazer propaganda antecipada em favor da ministra da Casa Civil, em cerimônias de inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), também em maio deste ano. A representação está sendo relatada pelo ministro Fernando Gonçalves, que ainda não emitiu parecer.

O vereador Gilberto Natalini, eleito pelo PSDB de São Paulo, também ingressou duas vezes na Justiça Eleitoral – uma vez contra o presidente Lula e outra contra Lula e Dilma – por campanha eleitoral antecipada. Os pedidos, no entanto, foram negados, uma vez que apenas partidos políticos, senadores, deputados e o Mi­­­nistério Público podem acionar a Justiça nesses casos.

Apesar das negativas, o vereador acionou ontem o procurador-geral da Justiça Eleitoral por causa da viagem para vistoriar as obras de transposição do Rio São Francisco. Natalini alega que a viagem tem caráter "eleitoreiro". "Esta viagem é campanha explícita para a ministra Dilma. Há tempos o presidente Lula desrespeita a lei fazendo campanha para sua candidata e ninguém faz algo. Nunca tinha visto isso no Brasil", disse o vereador.

Caso julgue procedente o pedido de Natalini, o procurador pode pedir abertura de processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Prefeitos

O DEM também tentou en­­­quadrar Lula e Dilma na lei eleitoral, que proíbe campanha an­­tecipada. Os democratas defendem, no documento, que a Pre­­sidência promoveu, no início deste ano, um evento para os prefeitos eleitos em outubro do ano passado apenas para endossar o nome da ministra como candidata à Presidência da República em 2010. A ação, relatada pelo ministro Arnaldo Versiani, foi negada pelo tribunal.

Em outra ação, contra a ministra e o presidente, o PPS, partido de oposição do governo, pede ao TSE que ambos sejam enquadrados na lei eleitoral sob a justificativa de que, em setembro último, o presidente Lula ressaltou, em discurso de inauguração de obra do PAC, na Bacia do Rio Maranguapinho (PE), a importância da eleição de Dilma Rousseff para a continuidade de seu governo. A ação ainda tramita, sendo relatada pelo ministro Ricardo Levandowski.

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