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Os deputados de oposição vão se retirar da CPI do Grampo da Assembléia Legislativa, antes mesmo do início dos trabalhos da comissão. O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), defendeu ontem que os parlamentares boicotem a "marmelada" que estaria sendo patrocinada pelos governistas. "Não podemos avalizar a pizza que já está sendo montada", disse. Com a saída de dois dos sete integrantes, aumentam as chances de a CPI não sair do papel.

O argumento dos oposicionistas é de que a proposta inicial era investigar apenas a prisão do funcionário da Casa Civil, o policial civil Délcio Rasera, acusado de escuta clandestina ilegal.

O requerimento para a criação da CPI foi apresentado em setembro por Valdir Rossoni, mas no mesmo dia a bancada do governo, através do deputado Nereu Moura (PMDB), apresentou outro pedido estendendo as investigações para apurar também denúncias envolvendo grampo telefônico durante o governo de Jaime Lerner.

Como o requerimento de Nereu Moura teria sido protocolado 20 minutos antes, ficou valendo a CPI da bancada governista, apesar dos protestos da oposição. "Em 15 dias como vamos investigar 12 anos? Isso não existe. É claro que querem tirar o foco do Rasera e embaralhar a coisa. Uma CPI tão abrangente vai acabar em pizza", afirmou o líder do PFL, Plauto Miró Guimarães, que foi indicado pela oposição junto com o líder do PDT, Luiz Carlos Martins para as investigações. Os dois estão se retirando da comissão.

O líder do PMDB, Antônio Anibelli, que também vai participar da CPI, disse que é uma pena que a oposição se retire. Ele não aceita o argumento de que não há tempo para investigar as denúncias de grampo dos últimos 12 anos. "Nosso mandato vai até 31 de janeiro e nas minhas contas temos 70 dias. Dá tempo de apurar tudo se trabalharmos no recesso", diz.

As férias parlamentares começam no próximo dia 15 e em primeiro de fevereiro tomam posse os eleitos em outubro. A CPI só tem validade no atual mandato.

Para o deputado Nereu Moura (PMDB), a oposição quer "melar" o processo porque pretendia usar politicamente o caso da prisão do policial durante a campanha eleitoral. "Tentaram criar constrangimento para o governador, mas como passou a eleição estão saindo fora e deixando claro que o único interesse era político.", disse Moura.

Indicado para relator da CPI, Jocelito Canto (PTB) também saiu em defesa do governo e acusou a oposição de "colocar a carroça na frente dos bois" por criticar os trabalhos que sequer começaram. "Ninguém pode fazer falso juízo que vai ser laranja ou terminar em pizza. Tudo pode acontecer", disse. Canto afirma ter recebido documentos e fitas cassetes contendo escutas telefônicas que vão "surpreender" muita gente.

Adiada

A CPI será instalada oficialmente na próxima segunda-feira pelo vice-presidente, Pedro Ivo Ilkiv (PT), como prevê o Regimento Interno. O ato já deveria ter sido formalizado no ínicio da semana, mas o deputado decidiu adiar com a justificativa de dar mais tempo para a escolha do presidente e o relator da comissão. "A CPI vai ficar meio capenga com a saída dos deputados de oposição. Mesmo assim vamos tocar com o que tem", avisa Ilkiv, referindo-se aos cinco deputados que devem permanecer na comissão.

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